Eduardo de Ávila
Superando o interregno vivido nos tempos recentes, agravado pela crise sanitária – desprezada por quem a deveria combater e que ceifou a vida de muita gente querida –, gradativamente vamos retomando e retornando à normalidade. Some-se a isso, no meu caso pessoal e de pessoas apegadas, outras perdas de entes estimados. Sinto, ainda que lentamente, que estamos recuperando as ruas e a alegria de viver. Será?
No meu caso, além do trabalho que amo desempenhar – somei dias atrás, estou com mais de 45 anos de contribuição previdenciária e ainda resisto em ceder à aposentadoria –, de volta aos estádios para ver o meu time do coração. Além dessa arquibancada, também retomei às cafeterias na busca de boas prosas, salas de cinema e na sexta passada fui assistir – pela segunda vez – um tributo a Elis Regina da mineira Isabela Morais.
Mineira de Três Pontas, ela e todo o grupo que a acompanha formado por artistas mineiros, levaram o público ao delírio com a apresentação do musical “De coisas que aprendi com Elis”. Junto dela estão Clayton Prósperi (teclado e voz), Ismael Tiso (guitarra), Leandro Oliveira (bateria) e Dedé Bonitto (baixo). Soube depois que em outras apresentações teve e terá a participação especial de João Marcos Veiga (acordeom).
Saí de lá, Teatro do Minas I, em êxtase depois de anos sem ver um único espetáculo por culpa da covid. Senti, depois de tempos, uma energia boa que andou distante de nós todos por um longo período. Até as recentes intervenções cirúrgicas, que ainda me ocupam e preocupam, me deram trégua no final de semana. Elas e suas sequelas, uma vez que têm ainda me obrigado a ter horas semanais em salas de espera e consultórios médicos. Até o abençoado carnaval, que espero o ano todo, me detonou e fui parar num otorrino. Garganta, nariz e outras vias aéreas detonadas. Aliado, claro, aos medicamentos, Bela Morais ajudou no bom combate a hipocondria.
Vale muito ver esse valioso tributo a essa gaúcha – Elis Regina – considerada uma das maiores interpretes da música em todo o mundo. Tive o privilégio e a felicidade de ver um documentário sobre Elis – tempos atrás – que mostra a força e a garra dela, que acabou capitulando precocemente num momento muito conturbado da vida brasileira. Assistir Bela interpretando Elis foi uma viagem pra quem sempre curtiu a voz linda dessa debochada e geniosa interprete, que tinha o carinhoso apelido de “Pimentinha”.
Sugiro que fiquem de olho nas apresentações de Bela Morais pelo Brasil e interior de Minas Gerais. Na estrada desde 2018, com a interrupção causada pela crise na saúde, já passou pelos palcos do Teatro João Caetano (Rio de Janeiro), Sesi da Avenida Paulista (São Paulo), Cine Teatro Central (Juiz de Fora), Palácio das Artes, Cine-Theatro Brasil e Centro Cultural Unimed/Minas I (todos de Belo Horizonte) e no sábado no Centro de Convenções da UFOP (Ouro Preto).
Pelo interior, tendo iniciado essa turnê por sua Três Pontas, ainda vai passar por Poços de Caldas (abril), Uberaba e Uberlândia (junho). Apurei ainda que sua produção está aberta a outras apresentações noutras cidades mineiras. No repertório de sexta à noite no Minas, entre dezenas de canções, destacaria “Romaria”, no final da apresentação e que levou o público ao delírio; “o bêbado e a equilibrista” e “Como nossos pais”. Entre os compositores mineiros, interpretados por Elis, estão canções de Ary Barroso, Milton Nascimento, João Bosco e da família Borges.
Foi um banho e um chá de balsamo num corpo que padecia por reagir e não ter a vergonha de ser feliz, como diria Gonzaguinha, outro saudoso compositor e cantor da música brasileira dos bons tempos.
Redes sociais do show
Facebook: fb/decoisasqueaprendicomElis/
Instagram: @decoisasqueaprendi
*fotos: Divulgação
Muito bom!