Depois de um período triste da nossa história, agravado com a onda de covid pelo mundo – no nosso caso doméstico tratada por desdém pelo poder público – o brasileiro voltou a sorrir. Em que pese, disso faço todas as considerações possíveis e cabíveis, o quanto ainda temo pela aglomeração. Seja nas vias públicas ou nas arquibancadas para ver o meu Galo. Vou e continuarei indo, com medo e cuidados que a saúde e regras sanitárias sugerem e exigem.
Adoro carnaval desde a minha já distante infância e adolescência em Araxá. Fui em inúmeros bailes de Momo no charmoso Grande Hotel – que era orgulho da nossa cidade – até que abruptamente fecharam suas portas. Foi um golpe, que veio ter cura só quando Belo Horizonte – cidade que me adotou e digo que sou naturalizado (por um honroso título de cidadão honorário) – teve a explosão dos blocos carnavalescos por toda a capital dos mineiros.
Justiça seja feita, não fosse o ex-prefeito Márcio Lacerda, nada disso teria acontecido. Sim, se o então gestor da capital não tivesse colocado suas garras pra fora na contra mão dessa folia, seguramente a cidade não teria reagido. E entre os fatores que contribuíram para incendiar os bloquinhos nas ruas de BH, uma marchinha em deboche ao ex-prefeito ganhou as ruas e gargantas do belorizontino.
Tenho certeza que o Lacerda, naquele momento, não imaginava o quanto – talvez seu maior e grande legado – faria bem ao turismo de Belo Horizonte. É que essa festa tem sua origem na Europa – acreditem, pelo calendário católico – se tornou a comemoração mais popular do Brasil. E foi a partir dos anos 50, quando o carnaval explodiu no nosso país, que passou a atrair turistas do mundo todo. As marchinhas, desde as inocentes “ô abre alas” (antes de 1900), “mamãe eu quero”, “me dá um dinheiro aí”, “jardineira” e tantas outras.
Rio de Janeiro, Recife e Salvador, na minha adolescência, eram a referência e desejo da juventude transviada. Vivendo sob a égide do governo militar, as marchinhas começaram a ter versões ironizando a política e os políticos. Enfim, essas letras – via de regra – ganham as ruas e na boca dos foliões contribuem para a irreverência que caracteriza o carnavalesco. Sem alongar, com o passar dos tempos, São Paulo – por pura ação da televisão – entrou neste circuito e nossa Belo Horizonte, com milhares de blocos e milhões de foliões se credenciou como a melhor opção do Brasil para quem quer muita diversão e folia nestes dias que o Rei Momo toma conta da chave da cidade.
Eu, apesar dos tempos já vividos – agravado com esse longo período sem carnaval e uma sequencia que parecia sem fim de intervenções cirúrgicas – novamente fui atrevido e saí por onde dei conta de passar. No sábado, como teve jogo do meu Galo, pulei e priorizei a cadeira do Independência (breve na nossa Arena). Já no domingo, ainda sem ritmo e confesso até um tanto constrangido, me vesti de presidiário e fui savassiar.
Ontem, um pouco mais solto (vestimenta de marroquino, onde pretendo voltar com o Galo) – porém sentindo o peso dos tempos – passei pela praça da Liberdade. Na sequência descendo pela rua da Bahia, encontrei um animado bloco que saiu da porta do Sindicato dos Jornalistas. Para essa terça-feira, acordei bombardeado, mas quero ir no mesmo local – Sindicato – para seguir o bloco “pescoção”. Para quem não sabe, essa expressão no jornalismo é adiantar uma matéria para edições de fim de semana. Ah! E, desde tempos, as fantasias – tenho exatas quatro – são as mesmas ano a ano. Uma para cada dia!
*imagens: arquivo pessoal
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