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Procura-se um amor

Silvia Ribeiro

Procura-se se um amor!

Se alguém encontrá-lo por aí diz a ele que o meu coração não mudou de endereço e que talvez posso me parecer emudecida, mas dentro de mim ainda posso ouvi-lo.

Fala pra ele que eu tive que sangrar os meus sonhos e, na ânsia de recebê-lo, me tornei frágil e não pude tecer a esperança afoita que pairava em meu peito, e me exilei na armadilha do destino que, de conluio com o tempo, paralisou os meus passos.

Conte a ele que algumas palavras fujonas ainda se encontram de soslaio nas esquinas dos meus sentimentos, deixando o meu amanhecer cheio de esperas, e com uma chama acesa à espreita dos seus olhos.

Diga a ele que, quando passar por aqui, me faça uma visita e que deixe as suas mãos deslizando em meu ventre, a sua risada acariciando os meus seios, a sua língua exalando os seus instintos, o seu suor molhando as minhas coxas, e peça a ele que não avise ao mundo quando iremos voltar.

Fale pra ele que no bule ainda tem um café quentinho, que as minhas fantasias guardam aquele abraço que devorava os meus desejos, que os meus lençóis pedem o calor do seu corpo, que a minha nuca espera pelos seus toques e que ainda posso sentir o seu prazer falando besteiras em meus ouvidos. Com certeza, ele irá se lembrar.

Ah! Não se esqueça de dizer também que as suas digitais ficaram por aqui acariciando a minha toalha de banho, que vez ou outra o chuveiro quer saber por onde ele anda e que o meu perfume precisa tê-lo de volta contando como foi o seu dia.

Conte a ele que algumas primaveras já se passaram e uma nesga de pétalas macias massageiam a minha saudade, fazendo com que as lembranças corram lépidas e alcancem o meu sorriso, e diga a ele que as estrelas iluminam uma doçura sorrateira que chega atenuando a distância que se deleita em minha alma e me aponta com dedos em ristes novos horizontes.

E, por último, fale do sofá: ele irá entender.

*
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