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2022 seria o ano da nossa redenção

Eduardo de Ávila

Fiquei durante algumas Copas do Mundo, propositalmente, sem acompanhar a seleção brasileira. Tanto por ser o escrete canarinho gerido pela cbf, instituição que é símbolo da corrupção no Brasil. Falo isso na condição de Atleticano, que por diversas vezes tivemos nossos títulos confiscados (roubados) pela ação inescrupulosa da arbitragem, stjd e até de manipulação administrativa.

Pois que, depois da primeira partida, passei a rever esse meu conceito em abominar o time do meu país pelas ações de dirigentes – como Teixeira, Marin, Del Nero e Caboclo – nefastos que foram afastados antes de cumprir seus mandatos. Não vi o jogo com a Sérvia, depois colei na TV e vi tudo a respeito da partida, que teve como destaque o bom moço – esse de verdade – REIcharlison. Aliado a isso, pesquisei sobre o trabalho social e a consciência política desse jogador.

Humildade desde seus primeiros tempos, ainda aqui no América Mineiro, até os dias de hoje badalado como um dos grandes jogadores do planeta. Sem a máscara que alguns precoces adquirem, tampouco tratado como menino mimado, foi o protagonista do time brasileiro na primeira rodada. Ontem, substituído, foi visto pelas imagens torcendo pelos seus companheiros e vibrando no solitário gol brasileiro que assegurou a classificação antecipada para a próxima fase do Mundial.

Neste duro confronto frente à Suíça, time bem treinado e com um eficiente sistema defensivo, pude assistir toda a partida. Se naquele primeiro desafio, que vencemos a Sérvia, ouvi de alguns comentaristas que o time brasileiro teve uma estreia tão boa quanto em 1970, frente a Tchecoslováquia, me permito complementar. Diria que na mesma Copa que vencemos todas as partidas, a segunda delas – frente à campeã de 1966, Inglaterra -, a vitória por um a zero foi a partida mais difícil do tricampeonato. Seria apenas coincidências!

Mas, atento a fatos que nos rodeiam fora das quatro linhas, me animo em sonhar com dias melhores para o nosso Brasil. Não costumo misturar preferências, desde religiosa, política e time do coração. Este último, no meu caso, só tem lugar para o Galo. Comecei ontem, não com tanto afeto como dedico ao meu clube, sonhar com o hexa mundial. Entretanto, como nos comprovou a competentíssima Clarinha Arreguy, Richarlison, a Copa e política estão atrelados sim.

E tudo isso me conforta, quando consigo aliar meu estado de reanimação com o Brasil, tanto no campo político quanto no futebol, em função do que estamos reexperimentando. Libertas quae sera tamen. A frase estampada na bandeira de Minas Gerais, diz que: Liberdade ainda que tardia. O amor venceu o ódio com as eleições e a tentativa de implementação de uma ditadura da minoria, acabou – democraticamente – sendo derrotada pelas urnas.

Paralelo e até mesmo como consequência disso, a seleção que andei chamando de selecinha (por birra pessoal) ainda que não vença a Copa – estou confiando no hexa – proporciona um momento único aos brasileiros. O resgate das cores brasileiras, que o lado derrotado nas urnas, pretendeu confiscar como propriedade da minoria. O amarelo\verde\branco\azul é de todos os brasileiros. Sejam Atleticanos, flamenguistas, corintianos, colorados para ficar nas maiores torcidas de cada estado ou mesmos entre conservadores ou progressistas.

Por isso, ao que sinto, este ano – com todas as dificuldades pessoais que a vida me fez experimentar – pode estar sendo a temporada de passar a limpo toda uma existência e retomar o curso de um Brasil solidário, transparente e leve de se viver. Que assim seja!

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