Eduardo de Ávila
Faltando menos de um ano para as próximas eleições estaduais e federal, o quadro começa a se delinear. Em 2018, sob o efeito e efetiva participação da rede de televisão que – ao longo de décadas – vem manipulando a opinião pública, tivemos um pleito contaminado por mentiras e até mesmo decisões judiciais. Com isso, no conluio, mídia e judiciário afastaram o favorito da disputa. Refiro, claro, ao Lula. Vou repetir. Não sou lulista, petista e nem comunista, como essa gente adora taxar.
O Juiz Moro, da Justiça Federal de Curitiba, numa armação com procuradores – capitaneados por Dalagnol – condenou o ex-presidente à prisão e o afastou do processo eleitoral. Depois de cumprida a missão, a dose dessa contaminação foi exagerada e contou com uma facada – até hoje duvidosa – que acabou elegendo esse monstrengo e capiroto que atende por Boçalnaro e sua trupe familiar.
Já se vão três anos dessa desgraça que se abateu sobre nossas cabeças, com incontáveis casos de corrupção envolvendo esse governo e seus asseclas, que não avançam no Judiciário – e nem os inúmeros pedidos de impeachment desse eventual pR. A crise sanitária que se abateu por todo o mundo, aqui no Brasil teve nessa pessoa o capitão do negacionismo. Com isso, seus seguidores – conhecidos como gado – se tornaram adeptos da não vacinação e até mesmo do uso de medicamentos comprovadamente sem eficácia contra a COVID e ainda de danosos efeitos colaterais.
Apesar da morte de mais de 600 mil brasileiros, o rebanho boçalnarista – algo em torno de 15% da população – segue fiel às ordens e mandamentos do berrante do seu líder. De nada adianta as comprovações científicas, no caso da crise sanitária, tampouco o mundo ter virado as costas para o Brasil. Essa gente nega à própria condição pessoal para defender esse demônio em forma de pessoa. Só sabem o discurso do ódio, insistindo em corrupção – que a Justiça negou – e na ameaça de comunismo onde nunca existiu.
Diante dessa situação, com a proximidade da nova eleição e com as pesquisas indicando a volta do ex-presidente, procura-se uma terceira via. A meu juízo, fosse uma candidatura viável e que unisse o país, seria salutar à transição a travessia que o Brasil vai precisar no pós boçalnarismo. Daí surge, entre o conservadorismo que impera na classe dominante, o mesmo juiz Moro como essa opção de quem não tem compromisso com a nação e com o povo brasileiro.
São os mesmos que apoiaram as mentiras estampadas na imprensa, por volta dos anos de 2013 até 2016, quando conseguiram seu intento de tirar uma presidenta eleita – pela maioria dos brasileiros – com um fajuto impedimento de pedaladas fiscais. Esse modus operandi sempre existiu nas técnicas orçamentárias e seguiu sendo aplicado nos dois governos subsequentes. Do golpista Temer e do Boçal eleito sob a égide do ódio.
Moro foi peça importante e fundamental nesse jogo de xadrez. Tanto que foi recompensado com o Ministério da Justiça. Ao que parece, teria até mesmo uma vaga no STF, como complemento aos seus bons serviços prestados ao conservadorismo. Como dois bicudos não se beijam, nos primeiros tempos da pandemia, convivemos com o desvio da atenção à doença a uma crise entre os dois personagens dessa maracutaia.
Agora ressurge esse bom moço paranaense, que tem visitado lideranças estaduais, tentando viabilizar uma possível candidatura para a Presidência da República. Ora, cá da minha inocência e desprovido de qualquer sentimento de definição para essa eleição, não abdico de minhas observações. O que difere Moro de Bozo é o fato de que o segundo – que ainda está pR – não é dissimulado. O ex-juiz, tendencioso, posa de mocinho, ao contrário do seu ex-amigo. Enquanto a grosseria do Boçal não sugere ser camuflada, o rapazinho – nascido em Maringá e formado pela Universidade Estadual de Maringá – insiste em seu cínico e cansativo discurso de falso moralista. E tem raciocínio e é inteligente, diferente do tosco, o que o torna ainda mais perigoso.
Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Pois que, além dos 15% de fiéis ao Boçalnarismo, ao que estão mostrando as pesquisas, algo em torno de 5% acreditam nesse almofadinha de terno e gravata. Ainda bem que 80% dos brasileiros não pretendem aderir a nenhum deles, abrindo espaço para Lula – com sua política social e assistencialismo – diferente dos interesses que norteiam a exploração do capital. O que não significa, como essa gente idiota insiste, em implantar um regime comunista no Brasil. O mais triste nessa situação é ver o quanto pessoas que nos pareciam ser racionais, terem aderido às pregações desses dois imbecis que ganharam visibilidade graças a uma imprensa promíscua e tendenciosa.
Acorda Brasil!
“Acorda Brasil”!!!!!