Vamos começar num papo reto. Você já cometeu erros? Não? Jura? Nenhum erro, por menor que seja? Então você é perfeito? Então, tá! Ou então não tá!
É da natureza humana (ou desumana) não admitir erros. Infelizmente essa é uma verdade. Todos temos nossas desculpas ou justificativas para amenizar e, se possível, não admitir nossos erros. É na relação familiar, no círculo de amigos, no trabalho ou mesmo seja lá onde for. O ser humano, em sua maioria, tem uma dificuldade enorme para admitir erros e os entender como absolutamente normais. Prefere se explicar como se isso eliminasse o erro. Outros preferem a retórica, o discurso, o disse-me-disse ou o não-é-bem-assim. Na nossa individualidade, no entanto, todos sabemos quando e como erramos. Na frente do espelho o ser humano não tem como fugir de seus erros.
Gente, só não erra quem já morreu. Basta estar vivo para cometer erros. Mesmo assim e com praticamente todos querendo continuar vivos, bater no peito e confirmar que errou é para poucos. Tem gente que até prefere a morte ou, pelo menos, faz de conta.
Se na vida pessoal e privada de cada um isso é recorrente, imagine na vida dos políticos. Ouvir um político reconhecer que errou é quase impossível. Mais difícil ainda é ele ter caráter, maturidade ou humildade para pedir desculpas.
Ao longo de minha vida profissional acompanhei quase uma centena deles e aprendi que erram e muito. Não é para menos. A função pública envolve muitos atores, com a maioria deles despreparada profissionalmente e politicamente para os cargos que exigem muita capacidade, habilidade e jogo de cintura. Ocupantes de cargos eletivos e seus assessores e secretários são, literalmente, empregados do povo. É a eles que se deve toda satisfação, atenção e serviços bem feitos a tempo e a hora.
E não é fácil, porque as demandas estão reprimidas com sucessivos mandatos que não dão conta do recado, a receita dos órgãos públicos cada vez mais comprometida e um cidadão cada dia mais exigente diante da provocação da corrupção endêmica que toma conta do país. Fazer tudo e agradar a todos num breve período de tempo é missão impossível. É um bom começo compreender que errar é humano e inevitável, mas que pedir desculpas também é um necessário exercício de cidadania e democracia. O grande problema é que assessores e secretários, principais fontes de tantos erros, acham que tentar enrolar o eleitor com desculpas esfarrapadas é o melhor caminho. Quem pratica isso acaba se dando mal, muito mal.
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