Aparentemente, todos nós estamos subjugados as vontades e possibilidades do plágio alheio. A velha lei da natureza de que “nada se cria, tudo se transforma” não encontrou barreiras que pudessem impedi-la de nos mostrar o que nossos antepassados viveram, tanto nas pestes como tentando evitar as vacinas.
Acontece que eu realmente não precisava de uma demonstração gratuita da revolta da vacina, muito menos uma corrente e insistente reencarnação de como as pessoas pré-intervenção se comportavam. Para aqueles que continuam a dizer que a terra é plana, como poderíamos voltar para o mesmo lugar se não andando em círculos?
Nessa altura do campeonato, me resta a impressão de que nada mais é nosso, mas sim uma invenção pertencente às gerações que no momento tentam sobreviver ao aquecimento global (inventado), as pragas (inventadas) e ao comunismo (…). Tudo é uma cópia de uma cópia de uma cópia, que sobrepostas parecem um retrato grotesco de uma paisagem em que subitamente o céu das duas da tarde se torna vermelho fogo. Ou uma manifestação em que as pessoas gritam por liberdade, acreditando que ela virá através do empenho máximo das Forças.
O inverno, sem nos dar motivos para usar casacos brancos e bonitos, continua imitando o verão, mesmo que estejamos – ainda – perto da primavera. Eu já cansei de me preocupar em procurar o ator principal em toda essa encenação, até porque eu não sei o que faria se descobrisse quem é o responsável por dar as falas e fazer as métricas de entrada e saída de cena.
E quanto a nós? Continuamos aqui, e quem poderia nos culpar? Encarnando versões antigas de nós mesmos, com as roupas curtas ou largas, porque engordamos ou emagrecemos. Continuamos falando sobre empatia como se fosse uma palavra doce aos lábios, só isso. Saímos de casa com o mesmo semblante de dois anos atrás, e quando alguém pergunta se está tudo bem, a única coisa sensata que pensamos para dizer é: é claro que sim, por que não estaria?
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