Victória Farias
Porque Amazon e Netflix custam menos do que um ingresso de cinema.
A sétima arte é uma coisa que me pega pelo pescoço. No meu tempo livre, aos finais de semana, gasto os minutos cronometrados em longas – e raramente em séries – que podem trocar minha preocupação pela politica brasileira por uma menos dolorida.
Me concentro na fotografia – por pior que seja, mas aprecio-a quando boa – e no roteiro. Rio sozinha de scripts ridículos e sinto meu coração derreter em diálogos profundos pensados por roteiristas inspirados nos mais intocáveis e inimagináveis sentimentos. Em outros casos, claro, me pergunto se alguma vez eles disseram aquilo em voz alta e pensaram: será que isso faz realmente sentido? Não tinha ninguém para avisar que não?
Geralmente não levo essa discussão sobre construção do entretenimento para fora da minha cabeça. Cada um aprecia as atuações como bem entender – fazendo outras coisas, prestando atenção na música de fundo, jurando que já viu aquela atriz em outro lugar, só não lembrando onde, até que isso o consuma por dentro e não consiga pensar em qualquer outra coisa. Alguém aí já ouviu falar da Paula Boudreau? Não? Pois acho que sim.
Contudo, tenho um problema com séries. No afã de querer saber o que acontece com meu personagem preferido, acabo me estrangulando em episódios eternos de temporadas intermináveis. Por isso, sempre que alguém me indica um conteúdo dividido em partes, digo: “vou adicionar a lista”. Que existe, só não está presente no plano físico e por isso não pode ser consultada. Mas acreditem, é enorme.
Essa fase da quarentena, a do entretenimento na tela para se distrair do trabalho na tela, chega para todo mundo. Mais cedo ou mais tarde, todos vão acabar xingando alto a relação de filmes indicados ao Oscar e pensando: será que o mundo do entretenimento acabou em 2017 e eu fui a última a saber disso? Bom Deus, não se fazem mais histórias como antigamente.