Quando recebi a proposta da redação do ENEM: “O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”, as palavras “estigma” e “doenças mentais” rodaram na minha cabeça tentando elaborar a proposta a ser discutida. Imediatamente vieram duas perguntas: como assim? E o que querem com isso? Propuseram um assunto que envolve a saúde mental e de imediato 2.680.691 cabeças estavam envolvidas com a construção de um texto, e muitos outros milhões terão o tema como reflexão.
Dentro do que li, a palavra “estigma” foi definida num texto motivador. Não tenho acesso a ele, mas de qualquer forma os alunos puderam pensar nas feridas, marcas, e machucados que a sociedade impõe às pessoas com sofrimento mental. Palavra que carrega também o sentido de desonroso e indigno. E assim, o ENEM mantém uma discussão social e de bem estar.
Na crônica da semana passada, “Janeiro Branco: como está sua saúde mental?“, apresento uma pequena reflexão sobre o tema. Nesta vou alertar sobre a saúde mental e não o enfoque na doença mental e nas formas de tratamento. A discussão é ampla e dados apresentam o crescimento de usos de farmacológicos – polêmica que não irei desenvolver nesse texto. Deixo como alerta que também é importante distinguir os tratamentos psicanalíticos, psicológicos e psiquiátricos.
Quis saber o que foi discutido sobre o tema da redação e o que os professores propunham. A palavra “estigma” era o ponto chave para um bom desenvolvimento e como ele se impõe sobre o sujeito com algum problema relacionado à saúde mental. Lembram que os alunos poderiam desenvolver várias temáticas trazendo: “Estado, o Ministério da Saúde, o SUS, ampliando o atendimento, criando políticas públicas de inclusão e proporcionando mais informação para as novas gerações por meio da escola e não só por meio das campanhas, como tem acontecido do Setembro Amarelo.”¹.
Poderiam explorar o viés sobre o aumento do sofrimento psíquico na pandemia e a crescente busca de profissionais da área; falar de Machado de Assis e seu livro “O alienista”; de Nilce da Silveira, que fez um tratamento mais humanizado na psiquiatria de sua época; citam Michael Foucault em a História da Loucura na Idade Clássica (fiquei pensando se algum adolescente teria lido Foucault); também surgiu Arthur Bispo como inspiração, ele que transformou seu sofrimento mental em arte. Pude ver suas obras numa Bienal de São Paulo e digo que é fantástica sua produção.
Contudo, porém e todavia, o texto motivador apontava para os estigmas: preconceito, discriminação, dificuldade de inserção das pessoas em sofrimento mental no ambiente profissional e social. O bom aluno que ficou atento a isso com certeza fez boa prova.
Estou curiosa para ler o que nossas jovens mentes elaboraram e principalmente o que levaram para vida afora. Tenho esperança de um futuro mais respeitoso e com menos estigmas.
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Mário Sérgio Difícil encontrar empregos naqueles tempos. O assunto em televisão, rádio e jornal, era…
Rosangela Maluf Ah, bem que você poderia ter ficado mais um pouco; só um pouquinho…
Tadeu Duarte tadeu.ufmg@gmail.com Moro em uma região de baixa altitude da cidade, a um quarteirão…
Peter Rossi Nada melhor que uma boa sesta, estirado no sofá da varanda, depois de…
Wander Aguiar Talvez eu nunca mais consiga tal proeza, mas sim, meus queridos leitores, eu…
Ando exausta com a hipocrisia. Exausta com quem profere a frase “moral e bons costumes”.…
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Também fiquei pensando sobre q caminhos nossos jovens pegaram em suas redações. O momento traz várias possibilidades e, com certeza, teremos uma tendência de caminho pegos pois também estamos verificando tendências em seus comportamentos frente à pandemia.
Abração,
Olá Vander! Veremos os caminhos tomados. Abraço