Sandra Belchiolina
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Quando cheguei a Cumuruxatiba, lembrei-me do clássico “O Velho e o Mar” e quis relê-lo. A novela de Ernest Hemingway relata a luta de vida e morte entre um velho pescador e o Marlim gigante. Batalha de paciência e decisão tendo o alto mar como cenário: a Corrente do Golfo.
Nessa ambientação o velho pescador não está só. Além de seu desafiador – o peixe, – os pássaros o fazem companhia: “O pássaro veio à popa do barco, onde pousou; Depois voou em torno da cabeça do velho, e pousou na linha, onde se sentia mais comodamente. – Que idade tens? – perguntou-lhe o velho. – É tua primeira viagem?”
Outro elemento importante para aqueles que fazem do mar seu lugar de trabalho, diversão e até mesmo moradia – são os barcos, navios, veleiros e canoas.
Acompanho há um mês a renovação de um barco aqui em Cumuru, como a vila é carinhosamente chamada. Todos os dias, passo por ele para ir à praia. Está na beira-mar. Foi reconstruído – desde a substituição da madeira até a pintura. Contaram-me que utilizaram as madeira garapa e oiticica para a reforma, mas que poderiam escolher a jaqueira.
Elaboraram uma cola náutica e pó de serragem para fazer a liga entre as madeiras. Tirei uma foto desse encontro e é uma obra de arte – posto aqui. O barco virou meu manequim predileto e já tenho boas lembranças. Informaram-me que hoje na maré alta ele vai para o mar. Daqui a pouco passo por lá e vejo se é possível documentar nesse momento precioso, desejar sorte e prosperidade para os pescadores.
Aqui há os barcos que fazem passeios passando pelas barreiras de corais, Barra do Cay – onde está relatado na carta de Pero Vaz de Caminha durante o descobrimento do Brasil. Essa foi a geografia em que Caminha revela que a esquadra portuguesa avisou um monte – o Monte Pascal. Foi quando, pela primeira vez, descobriram as terras brasileiras. Voltando aos passeios, esses seguem até Corumbau, em outra praia paradisíaca e próxima.
Se sucede que, às vezes, algo imprevisível acontece. Como foi a aproximação de um veleiro na manhã de sexta-feira passada. Há uma barreira de corais antes de chegar à praia de Cumuru. A embarcação ficou retida nela e não entrou no canal de navegação.
O resgate foi realizado pelo Mestre Antônio Carlos, proprietário de um dos barcos que fazem os passeios marítimos relatados. Ele, nascido na terra e conhecedor do ofício e desse mar. Acompanhei a manobra que foi de um balanço do veleiro até o zig-zag nas águas para trazê-lo em segurança até a praia. Como disse Mestre Antônio: “nunca deixe o arrodeio pelo atalho”. Soube que o veleiro saíra de Parati com destino a Salvador e faria uma pequena pausa por aqui. Também, que o mesmo já navegou para Austrália, África, Caribe, e muitos outros mares. Será que essa parte é causos de pescadores. Enfim…
Nesse balanço do mar e dos barcos, a minha inspiradora canoa “Caminho do Mar” aprecia a paisagem e a movimentação. O verão está chegando e esse mar contará mais e mais vivências. Como no “Velho e o Mar” de Hemingway: nem todo dia o mar está para peixe e tem dias que o mar é de peixes e desafios gigantes!
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Hoje em dia a pessoa consegue achar de tudo na internet,
mas infelizmente as vezes ache também artigos ruins.
Posso dizer que esse artigo ajudou muito e vou
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