Eduardo de Ávila
A exatos cinco dias das eleições municipais, mesmo depois do resultado massacrante na escolha do novo Presidente dos Estados Unidos, não imagino que isso exerça qualquer influência no voto dos brasileiros. Primeiro, as eleições de prefeitos e vereadores, já faz algum tempo não, se atrelam aos governos Federal e Estadual.
Mais ainda, os partidos com algum conteúdo ideológico estão marginalizados pelo eleitor, que vem demonstrando e optando por legendas nanicas nas recentes eleições. Aqui no nosso caso, basta ver que o Novo elegeu o Governador e o Prefeito – que pode ser reeleito em Belo Horizonte – foi lançado pelo PHS e agora está no PSD. Todos partidos sem qualquer expressão.
PSDB e PT, que se alternavam no poder nos grandes Estados, estão se transformando em coadjuvantes. As três principais capitais, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais (Triangulo das Bermudas da política nacional) – com exceção dos paulistas – sequer tem seus candidatos apontados com possibilidade nas pesquisas. Em São Paulo, apenas os tucanos estão tendo alguma evidência.
Os candidatos dos governadores e até do presidente da República, nesses três centros urbanos, não conseguem deslanchar. Em São Paulo, Bruno Covas (PSDB) – pelo legado de seu avô Mário – lidera nas pesquisas. Seguido de longe por Boulos e Russomano. Esse último é bolsonarista, que começou disparado na liderança, porém agora já é ultrapassado pelo psolista na briga pela segunda colocação. Empate técnico com queda de Russomano e ascensão de Boulos.
No Rio, Eduardo Paes (DEM) lidera com folga sem apoio dos governos Estadual ou Federal. O atual prefeito Crivella (Republicanos), com o suporte do Bolsonaro, está tecnicamente empatado com a Delegada Marta (PDT). Ela sem base oficial. Ah! O governador do Rio está afastado do cargo e seu vice está no exercício do mandato.
Já em Belo Horizonte, ao que indicam as pesquisas, Kalil pode ser reeleito sem segundo turno. Vale dizer, terá mais votos – se a tendência for confirmada – que a soma de seus 14 concorrentes. Para se ter uma ideia, os últimos números o colocam na casa dos 60% e o segundo colocado não chega a 10%.
A candidatura do Novo não passa de 3%; já o apoiado por Bolsonaro sequer consegue pontuar. Nessa reta final, evidente que para buscar visibilidade e tentar votos de bolsonaristas, lançou-se ao delírio de não reconhecer a derrota do Trump. Ora, vejam só, um deputado e candidato a prefeito pretendendo sacudir o mundo com sua rebeldia juvenil. Repercutiu, mal mal, entre seus poucos apoiadores.
Enfim, o resultado eleitoral dos Estados Unidos em nada irá influenciar nas eleições municipais. Já quanto ao Governo Federal, salvo melhor juízo, abala bastante o alinhamento e subordinação sempre manifestada pelo presidente, seus filhos e apoiadores próximos.
A aposta neste modelo caquético e ultrapassado, com o apoio de fundamentalistas que nunca demonstraram qualquer sensibilidade com o social, recoloca o mundo – notadamente o Brasil – de volta à normalidade democrática. O Presidente do Brasil será o último dessa linhagem a permanecer com mandato. Até quando?
A vitória de Biden, ao contrário do que esses mesmos derrotados vêm tentando dissimular, absolutamente em nada tem relação com esquerda, socialismo e comunismo. Ao contrário, ele é representante do conservadorismo e do capital, porém sem a contaminação do radicalismo de Trump, Bolsonaro e seus seguidores mais ideológicos. Daí essa cretinice em querer atrelar Biden com a esquerda.
O que muda, nos Estados Unidos e no mundo – evidentemente no Brasil – é que esse tipo de gente que dissemina o ódio, prega – ainda que dissimuladamente – a violência, o desrespeito às instituições democráticas e a vontade popular, seguem com seus dias contados. Na América do Sul, em tempos recentes, esse retrocesso já vinha sendo aniquilado.
Agora, com a eleição de Joe (naquela que é considerada a grande potência democrática mundial, embora gaste dias para contar votos em cédulas), podemos respirar e sentir que aquele futuro sombrio que se desenhava está sendo abortado por quem de direito e que tem pensamento solidário. A maioria dos povos de cada país do planeta Terra.
Muito boa a reflexão mostra uma visão real de Td q acontece sem partidarismo e sem paixão . Parabéns
No que diz respeito a perda de espaço dos partidos tradicionais o que vejo como consequência é que.finalmente devemos ter a tão esperada reforma política. Todavia, nao consigo ter a mínima esperança de será em interesse do povo. Não dá para esperar qualquer coisa vinda dos nossos representantesque em favor do interesse do povo . Nos empurraram uma reforma previdenciária e nao se fez mais nada de efetivo. Nunca fui contra a reforma previdenciária principalmente no setor público em todos os níveis, federal, estadual e municipal. Mas erá que a medíocre reforma previdenciária deixando inexplicavelmente alguns setores de fora foi suficiente para acabar com os nossos problemas? E a reforma tributária? E a reforma administrativa? E a reforma política? Como dito, esta última deve vir, mas, não creio que seja pela vontade do povo, essa pode aguardar, ou menhor, continuar aguardando.
Precisamos de um modelo político-eleitoral que fortaleça as instituições em detrimento de salvadores da pátria. Diante do caos, deveria acontecer a busca por alguém para dar ordem e sentido a todas as crises; um estadista com sabedoria de sobra na arte de governar e atuar sem limitações partidárias em prol do interesse público, porém, neste ambiente insalubre q é a “pulitica nacional”, caso falemos em “estadista moral” soará meio que piegas pela figura ser uma raridade e em constante extinção. Vale nem a pena render…