Temos de criar mecanismos de defesa contra essa contaminação medonha da mídia. Falo isso de maneira geral, seja aos que torcem pelo mesmo time que eu ou rivais; também para quem pensa em democracia como eu e até os que têm esse regime como modelo – desde que ao seu gosto e prazer – contraditando a essência desse sistema. Enfim, temos informação para todo gosto.
Minhas formações profissionais, primeiro em Direito – com curtíssima atuação e sem êxito – seguido do Jornalismo me sugerem um mínimo de credenciamento em dar pitaco. Na área de imprensa, atuando em redação e assessoria, aprendi muito além dos bancos acadêmicos.
Logo nos primeiros tempos, submetendo-me às exigências do dia a dia da redação, aprendi muito sobre o poder de manipulação de qualquer informação. Triste. Daí, por conta própria, fiz um exercício de leitura comparada em casa, aos finais de semana. Comprava diversos jornais. Do Rio de Janeiro, de São Paulo e daqui de Minas. No mínimo dois de cada uma dessas cidades e, eventualmente, quando a banca Status na Savassi existia, até de Brasília.
Era interessante, até perturbador, avaliar a maneira com que cada veículo tratava a mesma notícia. Aliado a essa experiência de redação, aprendi que nem tudo que se lê, ouve e vê é exatamente da maneira como aconteceu. O interesse do andar comercial é muito mais poderoso do que o editorial. Então, como disse, a leitura comparada te leva a uma interpretação critica que atenda – claro – ao seu pensar pessoal. Ideológico sim. Assessoria, onde milito tem décadas, não informam. Vende imagem.
Caberia aos veículos de comunicação essa filtragem para bem informar ao seu leitor, ouvinte e expectador. Porém… O que vale mais é a tiragem e audiência e, para isso, vale tudo. Até programação promíscua para atrair o público consumidor. Fiz todas essas considerações para chegar e tentar concluir ao que pretendo.
Os grandes jornais impressos estão aminguas e seu espólio são os sites que vem substituindo as edições diárias, agora com rapidez e instantaneidade. Já na programação de rádio e TV, pouca coisa se alterou na primeira e a televisão passou a privilegiar programação de baixo conteúdo cultural e de real interesse da população.
Ora, o que é mais importante a nós brasileiros – seriam as decisões de Brasília. Essas que afetam a estabilidade no emprego, inflação, preços – especialmente de gêneros de primeira necessidade – previdência e até eleitoral. Entretanto, ao que lemos e assistimos, o que dá audiência são os programas sensacionalistas em horário nobre.
Qual o interesse coletivo em acompanhar a separação de um casal, cujo marido é cantor sertanejo? Nada contra o gênero musical. Que significado e importância teriam se ele traiu a esposa, se o cunhado que entrou na briga tem amante? Sou do tempo da boa música caipira, aprecio a MPB e me lembro da Jovem Guarda. Nem com aqueles ídolos da minha juventude, me preocupei em quantos casamentos Roberto, Erasmo, Wanderléia tiveram. Tampouco sobre a vida privada Chico, Gil, Caetano, Bethânia e Gal – entre tantos outros – que embalaram sonhos de uma geração.
Tava na cara, na maior evidência, que isso era jogada para atrair a atenção. Porém, pra quê? Que momento sertanojo que o Brasil atravessa!
Agora vejo, perplexo, que um exame de DNA – de uma possível filha de sertanejo dos anos 70/80 – toma conta do horário nobre. E dá negativo. Quinze minutos, anotei, para mostrar o resultado e ela – interessada – emocionada, dizer que vai pedir contra prova. Ora, isso é assunto da vida privada da moça e não tem qualquer interesse ou relevância no dia a dia de cada um de nós brasileiros. Diariamente, estamos sendo surrupiados de direitos e garantias constitucionais que sequer passam pela redação dos grandes veículos.
E os programas de grande sucesso da atualidade. Não são mais aqueles de um fino humor e de interesse coletivo. A “Fazenda”, onde passava minhas férias junto com amigos, em nada tem relação com esse de péssima qualidade que vira notícia diária nos sites. E o tal de “BBB”, em sua enésima edição? Quer programa mais promíscuo que esse? Não existe! Vi, na primeira série desse péssimo “líder de audiência”, talvez um ou dois dias. É arrepiante a falta de conteúdo saudável ao telespectador.
O que é mais triste nisso tudo, são esses programas e essas “estorinhas” que trazem audiência e prendem milhões de pessoas na tela da TV. Enquanto isso, suas vidas estão sendo desdenhada pelos governos (refiro-me a todos) de plantão. Pena das futuras gerações, quando acordarem terão de dar início a lutar por aquilo que conquistamos – com suor, lágrimas e muitas mortes – durante décadas.
Eu, no caso, reitero o que já disse em postagem anterior. Como se diz no interior, já passei do meio-dia pra tarde. Só vou poder dizer: “eu avisei!”
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Caro ermitão temporão, o certo é que no início deste nosso século, entramos numa batalha total contra qualquer coisa que se assemelhe ao conhecimento obtido pela verificação honesta daquilo que é ou deixa de ser,e,sempre será necessário fazer pesquisa para tirar a prova dos nove. A ignorância custa um mundo,ou dois,sei lá!