As meninas de maiô - Pixabay

As meninas de maiô

As meninas de maiô - Pixabay
As meninas de maiô – Pixabay
Tais Civitarese

Aos 14 anos, aquela era a maior expectativa do ano: a viagem com o colégio para Angra dos Reis. Ou como era chamada oficialmente, o Curso de Biologia Marinha.

Praia, sol, independência, ouriços do mar e melhores amigas. O que poderia dar errado? 

Havia, contudo, um dilema: usar biquíni em frente ao pessoal do colégio. 

Eu e meu grupo de quatro amigas tínhamos acabado de entrar na puberdade. Como muitos adolescentes, éramos inseguras. O corpo em transformação era algo com o qual ainda estávamos nos acostumando.

Nosso uniforme escolar consistia em largas calças de moletom e camisetas ao estilo unissex. Ir à aula de bermuda já era um desafio. Usar roupas de banho diante dos colegas seria a provação completa. 

Após uma conversa, encontramos a solução: iríamos, nós cinco, de maiô. 

Tratamos de providenciar cada uma o seu modelo. Escolhi um amarelo com estampa colorida xadrez. 

Chegamos ao nosso destino munidas daquele novo uniforme. Ele nos protegia do constrangimento ao mesmo tempo em que evidenciava nosso medo. E foi assim que aproveitamos a viagem. Em conjunto, com nossos maiôs, invejando em segredo as colegas que se sentiam mais livres…

Lembro dessa história com carinho, pena e certo alívio.

Carinho por aquelas meninas que enfrentaram a seu modo os desafios de crescer. Pena porque gostaria que não tivessem se preocupado tanto. E alívio porque vejo que essas mesmas amigas se tornaram grandes mulheres. 

A amizade durou. De moletons a maiôs, fomos aprendendo. E hoje, o que nos une é um pacto de coragem.

*
Curta: Facebook / Instagram

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *