Divulgação/GettyImages
Imagine a cena: o presidente da República, esgueirando-se do local do crime, com um pincel e um pote de tinta preta nas mãos. De bate-pronto, você diria tratar-se de um genocida, que planeja pintar o Brasil de luto.
Outro, com o olhar mais romanceado da coisa, apostaria na ação de um cavaleiro do apocalipse. Ou melhor, do próprio cavalo, disposto a apagar os lampejos das artes e da ciência com uma só demão de estrume.
Acrescente ao cenário uma cruz vermelha na parede. Com o pincel e a tinta preta, puxe, mentalmente, uma perninha aqui e um bracinho ali. Veja o que restou: não mais o símbolo universal da vida, mas outra cruz, uma bem mais ao estilo dos facínoras.
Pensa que acabou? Esforce-se só mais um pouco. E tente conceber as seguintes palavrinhas, que parecem saídas da boca do esgoto: “Bora invadir outro?”.
Agora, sim, a obra está completa!
Eis a caricatura grotesca do messias das trevas que propaga violência, desinformação e desunião. E que incita o rebanho do chiqueirinho do Alvorada a invadir hospitais de campanha contra os esforços de governadores e prefeitos na proteção à vida.
A imagem que você idealizou tem autoria — além de todos os artistas, jornalistas, cientistas e este cronista que assinamos embaixo com ele: o grande cartunista Renato Aroeira.
Claro, há quem não gostou — advinha quem? Tudo depende da sua imaginação, a menos que você não tenha a mente poluída o bastante para idealizar tamanha aberração.
Não só não gostou como foi além. E mandou investigar o artista, com base na lei de segurança nacional. Agora querem enquadrá-lo no artigo 26, que utiliza 386.658.154 palavras difíceis para dizer uma só, não menos intragável: censura.
Mas aqui, não. Censores não passarão. Porque #SomosTodosAroeira.
Mário Sérgio Quando ainda criança, na minha montanhosa cidade, ouvimos uma estória curiosa sobre um…
Parte I Rosangela Maluf Nem sei mesmo porque me lembrei do João! Não falei nele,…
Tadeu Duarte tadeu.ufmg@gmail.com Finalmente transformado em réu pelo STF, a questão que se coloca é:…
Peter Rossi A vida nos propõe revanches, que costumamos chamar de resgates. São derrotas anteriores…
Taís Civitarese Agora, aos noventa anos, devo confessar um crime que cometi ao longo de…
Sandra Belchiolina “Existe um momento na vida de cada pessoa em que é possível sonhar…