Victória Farias
Ministério da Magia procura por novo Ministro – não é necessário saber fazer mágica.
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Li em algum lugar que o Ministério da Magia, um dos mais importantes do Governo de Brasilândia – uma cidade imaginária em algum planeta de um distante universo – estava contratando um Ministro.
Uma série de experiências eram elencadas para se assumir o cargo, algumas coisas entre mania de perseguição, exibições espalhafatosas e uso indevido das redes sociais.
O mais interessante de tudo: não era necessário ao candidato utilizar-se de todo o seu conhecimento em magia. Então, ele podia enganar com um truque ou outro.
Se ele ou ela soubesse ilusão de ótica, a arte de desviar a atenção do que era realmente importante para vídeos dançando nas redes sociais, já era o suficiente.
Estava contratado com méritos, pronto para pautar o que de magia deveria ou não ser ensinado nas Escolas de Magia de Brasilândia. Nossos pequenos bruxos estavam, finalmente, a salvo da arte das trevas.
A marca sombria que aparecia no céu de vez em quando não estava mais lá, e isso, por si só, já era um alívio.
O fato de um pequeno bruxo não saber mais noções básicas de magia, que foram trocadas por teorias fundamentais do humanismo, não parecia ser um problema. Ninguém mais estava desvirtuado.
Alguns secretários do Ministério da Magia não gostaram muito da ideia de ter que dividir a pasta com alguém que – aparentemente – não sabia o que estava fazendo, mas seguiam ensinando seus alunos pequenos feitiços como respeitar a diversidade do mundo enquanto prendem a respiração embaixo d´água.
Dia desses, o Ministério da Magia anuncia, pela Rede Mágica Geral de Comunicação de Brasilândia que: todos os livros que possuírem conteúdos sobre respiração debaixo d’água serão retirados de circulação.
Aparentemente, esse não era um assunto tão importante assim para o desenvolvimento de uma nação.
As Escolas de Magia de Brasilândia não eram mais as mesmas. Bruxos pulando nos lagos que as rodeavam e morrendo porque não conseguiam prender a respiração por muito tempo.
Junto à isso, amigos de anos de convivência passaram a se estranhar, esqueceram que semana passada o respeito ocupava o mesmo lugar que o oxigênio entre eles.
Brasilândia mudou para sempre. Os bruxos dessa geração se perderam, e a magia das trevas foi trocada por uma bem pior, desconhecida até o momento, e que, antes mesmo de ser nomeada, já havia desolado tudo.
Conta a lenda, que Brasilândia padeceu. Mataram uns aos outros, pois não superaram o fato de respirar só em terra.
Deles, foi tirada a liberdade de desbravar o mar e o amor com os próprios olhos, e isso era o suficiente para não aguentar mais.
Obs: O caso de Brasilândia demonstra o pior do mau gerenciamento de um Governo para com a educação. Sendo, puramente, uma ficção.