Eduardo de Ávila
Tenho tentado descobrir o nome técnico que se pode dar a esse comportamento. Existem muitas coisas que passaram a me incomodar, sobretudo depois que passei dos 60 e fico achando que ainda tenho resistência dos 40 (melhor momento da vida). Apreciei e aprecio bastante essa fase.
Pois bem, ao que sinto, a idade vai tirando da gente um pouco – do quase nada – de tolerância que a vida me impôs.
Entre elas, tem um destaque especial conversar com alguma pessoa e perceber que participo de um monólogo. Lembra-se daquele professor que dava nota pelo tamanho do texto?
Muitos de nós já passamos por isso, tem até caso – seguramente que é folclore – de aluno que escreveu páginas sem se preocupar com o tema proposto e tirou nota máxima.
E é assim que sinto e vou passar a me utilizar doravante com algumas pessoas próximas.
Uma delas, amiga de infância, tem posições totalmente adversas às minhas em relação ao time do coração e – especialmente – quanto ao momento político e econômico brasileiro.
Sem qualquer embasamento convincente para os dois casos, se prende na segunda polêmica para tentar me provocar.
Até aí, apesar de não curtir esse tipo de debate, é tolerável. Entretanto, depois de alguns embates com essa pessoa, percebi que ela nunca prestava atenção nos meus argumentos.
Ficava a me olhar, e não era por admiração, mas esperando o momento de seguir com suas frágeis e copiadas argumentações.
Depois de certo tempo, e um pouco de sofrimento, percebi que essa pessoa nunca ouviu o que eu disse.
Outra, por pouco me leva ao estresse, confesso. Até temos afinidade de pensamento, ocorre que – assim como a anterior – não se prende ao que estamos falando.
Certa ocasião, depois de me fazer a mesma pergunta pela enésima vez, iniciei respondendo asperamente que me recusava a falar sobre o assunto.
Afinal, o tema já me fora abordado em situações anteriores, pois não é que ela me olhava mansamente. Daí fui perceber que ela me via, porém não me ouvia.
Acho que estou ficando mais chato que em tempos anteriores, seguramente, caminhando para me tornar insuportável.
Mas, convenhamos, a ter de tolerar isso, melhor se isolar do mundo. Ou melhor, desse tipo de gente!
Encerrei o texto sem descobrir o nome para esse comportamento. Até pesquisei, liguei pra pessoas da área e nada. Então. Grosseria mesmo!
Em tempo: a partir do próximo sábado, para colaborar com este espaço, entra meu dileto e querido amigo Guilherme Scarpelini. Jovem e talentoso, jornalista e já quase advogado, tem um delicioso texto. Seja bem vindo!