Eduardo de Ávila
Em meus últimos posts, aqui neste nosso cantinho de prosa – dividido com amigas sensíveis – talvez tenha passado uma dose exagerada de desilusão com os tempos recentes.
Preciso rever e rediscutir isso no meu abandonado divã. Tive alta! Pode?
Em verdade, tenho evitado assuntos polêmicos com pessoas que não convergem comigo naquilo que penso e acredito.
Desde convicções políticas, ideológicas, time do coração e até mesmo em qual cafeteria vamos num início de noite. Até se vamos. Comodismo e fuga de divergir, talvez!
Pois não é que, sem qualquer intenção, semana passada tive um insight de que nem tudo está perdido – Essa expressão que pode parecer estranha a alguns, sugere a intuição ou compreensão de algo e/ou fato.
Enfim, num perceber repentino de uma situação que, possivelmente, causa incomodo e não lhe parece ter solução.
Vamos ao meu delírio de hoje. Participo de poucos grupos nas redes sociais, apenas relacionados a questões profissionais e outro de um encontro eventual de amigos, neste caso necessário para o aviso de local, data e horário.
Casualmente, até porque detesto textão, me ocupei em ler uma interessante reflexão sobre a radicalização política nacional, em que o autor demonstrava a razão de sua opção por um dos lados em conflito.
De posse daquilo, me atrevi a repassar para alguns da minha lista de whatsapp. Sem qualquer preocupação científica ou mesmo de pesquisa, um a um, fui elegendo pessoas de pensamento, idade, sexo e outras qualificações bem distintas.
Talvez, inconsciente, quisesse avaliar a repercussão. Entre os que enviei, até mesmo próceres dos poderes constituídos. Contei depois, foram mais de 80 enviados.
Recebi cerca de trinta retornos. Num deles, uma ilustre autoridade mineira, me respondeu dizendo ter lido atentamente e que merecia reflexão.
Inclusive sugeriu uma prosa num cafezinho para falar sobre o tema. Quase todos, igualmente, de concordância com o autor – desconhecido – sinalizando a necessidade de diálogo para se chegar ao melhor entendimento.
Por pouco, não fosse um único discordante, teria me iludido que não existe esse clima de guerra que estamos alimentando e que amedronta.
Não sei se comemoro essa reação ou me entristeço com os termos dela. Veio de uma pessoa amiga, já por décadas (desde a adolescência) que demonstrou sequer ter lido o conteúdo.
Até porque a velocidade da resposta comprova que o tempo não foi suficiente para a leitura, menos ainda para a reflexão necessária.
Bruscamente comentou que “o discurso não condiz com a prática”, que a mensagem era “lamentável e desnecessária”, ainda que “nada sugere pra mim”, encerrando “por isso que a gente não dá certo”.
Num primeiro momento, confesso que me deixei abater. No dia seguinte, ao perceber que era manifestação isolada, constatei que a quem não interessa dialogar, nada adianta. Seja, como sempre registro, de qual lado for.
Por outro lado, ficou claro que nem todos estão com essa predisposição em reagir ao contraditório, diferente disso, querem e buscam o entendimento. Paralelo a isso, recebi da minha filha um interessante texto que merece a leitura.
Boa semana!