Amores de internet

Rosângela Maluf   Pobre Marly! Fazia muito tempo que, em todas as quintas-feiras, íamos as três, no mesmo horário, fazer as unhas no salão da Lena. Era um hábito antigo. Manicures & nós: já éramos mais que amigas, confidentes, conselheiras e humoristas. Entre cafezinhos e gargalhadas, nos divertíamos muito. Era uma forma de nos encontrarmos uma vez por semana, longe do trabalho, dos maridos e … Continuar lendo Amores de internet

O travesseiro de macela

Rosângela Maluf   São dez horas da manhã de um dia cinzento e nublado. Estamos no comecinho de abril. O Outono apenas começou e o friozinho da madrugada se esparrama ainda por estas montanhas. Acordei mais cedo, fiz a cama, ajeitei os lençóis, estendi a colcha de crochê e separei os travesseiros. De um deles, retirei a fronha branca, com barra de tira bordada e … Continuar lendo O travesseiro de macela

A sopeira de louça

Rosângela Maluf   Dona Maria nos foi indicada por uma amiga, também moradora do mesmo prédio, na Tijuca, bairro da zona norte do Rio de Janeiro, onde morei por sete longos (e quentes) anos! Fazia tempo que eu buscava uma pessoa caprichosa que passasse toda a nossa roupa a fim de poupar a Fafá que fazia os demais serviços da casa. O apartamento não era … Continuar lendo A sopeira de louça

Akira: um coração partido.

Rosângela Maluf   Conheci Akira no Aeroporto de Guarulhos. Eu, de férias, indo esquiar em Bariloche e ele indo para Salvador, a trabalho. Por um desses misteriosos encontros ao acaso, sentamo-nos lado a lado, enquanto aguardávamos os nossos voos; o dele e o meu, os dois, atrasados em mais de uma hora.   Já há algum tempo sentada próxima à janela, eu fazia Palavras Cruzadas, … Continuar lendo Akira: um coração partido.

Quando eu morri

Rosângela Maluf   Ontem, quando eu morri, era quarta feira, 19 de abril, dois dias depois do meu aniversário de 50 anos. Não pensei que uma cirurgia tão simples pudesse terminar numa parada cardíaca. Estou achando que me vou cedo demais, mas não teve mesmo jeito. A moça de azul entrou na sala do CTI, verificou os fios, suspirou profundamente, me olhou e apertou uma campainha que, imagino, … Continuar lendo Quando eu morri

A estrela do mar

Rosângela Maluf   Nos últimos trinta anos, Esther nunca tivera uma cama só pra si. Três relacionamentos – coincidentemente com duração de dez anos cada um – fizeram com que sua cama fosse, irremediavelmente, compartilhada por longos tempos. Quero dizer, a cama de casal. A cama, com aquele colchão enorme do qual só lhe cabia uma pontinha, onde se espremia, dormia e, às vezes, sonhava. … Continuar lendo A estrela do mar

O embarque

Rosângela Maluf   Todas as manhãs, depois do banho e do café, a cuidadora colocava o Sr. Joseph sentado em frente à janela da sala grande. Ao lado, na sala pequena, havia uma TV. Todos queriam ver alguma coisa. E enquanto tentavam chegar a um acordo, e, aos gritos, falavam sem parar. Aquele vozerio lhe incomodava. Muito barulho.  Ele sempre muito impaciente. Fiel ao princípio … Continuar lendo O embarque