Presentes

Peter Rossi   Quando minha avó Nazinha voltava de Correias era uma alegria só. Ficava na espreita dos presentes que iria receber. Ficava tão elétrico que me esquecia, às vezes, do melhor deles: um abraço aconchegante, quentinho, com um cheirinho próprio de roupa que fica no fundo do armário. Minha vó era tudo de bom que uma vó podia ser! Mais ainda, às vezes se … Continuar lendo Presentes

Portão quase verde

Peter Rossi   Minha meninice tinha pouso num paraíso: Rua da Paz, número 168, Quintas, em Nova Lima, Minas Gerais. Uma casa grande, fazendo esquina com a rua, uma rampa danada do seu lado esquerdo, toda forrada de plantas. Não tinha muro, só cerca, daquelas cheias de folhas verdinhas. No fundo só uma telinha fraca, pra não deixar gambá e cachorro entrar. Gato entrava de … Continuar lendo Portão quase verde

Avaliando o tempo

Peter Rossi   Hoje ao acordar me permiti um sonho novo. Viajei pelas dobras do tempo. Revolvi poeiras agarradas nas caixinhas da saudade. Sacudi cortinas. Esfreguei as mãos e me preparei para viver emoções que bem sabia não voltariam. Hoje me banhei de lembranças. Escovei os dentes com a pasta de minha infância. Fiquei a cantarolar o tempo, assoviando e tentando imaginar porque passava tanto, … Continuar lendo Avaliando o tempo

No supermercado

Peter Rossi   O final do dia não prometia grandes emoções. Ao contrário, tinha que ir ao supermercado. Essa era uma tarefa que antes amava, mas que, hoje em dia, não me é mais tão aprazível. Sempre penso nas sacolas pesadas e na coluna a reclamar. Moro sozinho, não tenho como compartilhar essa dor. Enfim, me enchi de coragem e parti para as compras. Voltava … Continuar lendo No supermercado

Eu morri?

Peter Rossi   Dias atrás, conversando com amigos, me lembrei do ocorrido e achei importante deixar registrado o episódio, muito importante em minha vida. Eu, menino de todo, com sete pra oito anos de idade, em uma cidade do interior, que não oferecia perigo algum No Natal anterior ganhei de presente minha primeira (e única) bicicleta. A outra que tive foi herdada de meu irmão. … Continuar lendo Eu morri?

Tudo por causa de umas bombinhas

Peter Rossi Festa no interior é assim: alegria e barulho, crianças correndo para todo lado, uma verdadeira algazarra. Em Pitangueiras não era diferente. No mês de junho, invariavelmente, eram construídas barraquinhas ao redor da Igreja de Santo Antônio. Tinha canjica, pipoca, pé-de-moleque. Todas as noites as famílias compareciam às “Barraquinhas de Santo Antônio” para comer alguma coisa e deixar os meninos “correrem soltos”. Para as … Continuar lendo Tudo por causa de umas bombinhas