Trabalho em conjunto

Peter Rossi   Dinho não era um morador de rua, como tantos outros. A condição em si soa até repugnante, mas a veracidade do que representa é um soco na boca do estômago de todos nós. Deveria ser proibido morar na rua, dormir ao relento, sem mínimo conforto. Como certa vez disse o compositor baiano “gente é pra brilhar, não pra morrer de fome”. Dormir … Continuar lendo Trabalho em conjunto

Desmaia!

Peter Rossi   Suzana recebera a notícia que Sandra, sua irmã estava passando mal. Saiu em disparada para o hospital e, como morava mais perto, chegou bem antes. Estava repleto o local. Ela corria os olhos e percebia uma fila de atendimento enorme. Dezenas de pessoas a esperar sua vez, algumas lamuriando e outras simplesmente caladas. Cerca de quinze minutos depois, o carro de Sandra, … Continuar lendo Desmaia!

Presentes

Peter Rossi   Quando minha avó Nazinha voltava de Correias era uma alegria só. Ficava na espreita dos presentes que iria receber. Ficava tão elétrico que me esquecia, às vezes, do melhor deles: um abraço aconchegante, quentinho, com um cheirinho próprio de roupa que fica no fundo do armário. Minha vó era tudo de bom que uma vó podia ser! Mais ainda, às vezes se … Continuar lendo Presentes

Portão quase verde

Peter Rossi   Minha meninice tinha pouso num paraíso: Rua da Paz, número 168, Quintas, em Nova Lima, Minas Gerais. Uma casa grande, fazendo esquina com a rua, uma rampa danada do seu lado esquerdo, toda forrada de plantas. Não tinha muro, só cerca, daquelas cheias de folhas verdinhas. No fundo só uma telinha fraca, pra não deixar gambá e cachorro entrar. Gato entrava de … Continuar lendo Portão quase verde

Avaliando o tempo

Peter Rossi   Hoje ao acordar me permiti um sonho novo. Viajei pelas dobras do tempo. Revolvi poeiras agarradas nas caixinhas da saudade. Sacudi cortinas. Esfreguei as mãos e me preparei para viver emoções que bem sabia não voltariam. Hoje me banhei de lembranças. Escovei os dentes com a pasta de minha infância. Fiquei a cantarolar o tempo, assoviando e tentando imaginar porque passava tanto, … Continuar lendo Avaliando o tempo

No supermercado

Peter Rossi   O final do dia não prometia grandes emoções. Ao contrário, tinha que ir ao supermercado. Essa era uma tarefa que antes amava, mas que, hoje em dia, não me é mais tão aprazível. Sempre penso nas sacolas pesadas e na coluna a reclamar. Moro sozinho, não tenho como compartilhar essa dor. Enfim, me enchi de coragem e parti para as compras. Voltava … Continuar lendo No supermercado