Eu adoraria dizer à mim mesma que amar não dói.
Mas, dói.
Dói fisicamente, emocionalmente e espiritualmente.
Dói, por quê?
Dói, pela bestialidade da saudade, pela impiedade de não ser protagonista, pelo desespero da indiferença e pela materialidade de um coração que se mantém em vigília.
E sobretudo, pela solidão fantasmagórica que não guarda distância durante a noite e recomeça no dia seguinte.
É como se uma sonoridade em tom de tristeza circulasse por corredores estreitos, e mantivesse as portas trancadas. Uma agonia que deixa qualquer claustrofóbico em alerta.
Amar, é só isso?
Definitivamente, não.
É também.
Guardar segredos de alcova, conhecer tudo sobre o céu (da boca), ter um olhar contemplativo para os fetiches e projetar todos os sentidos que quiserem mostrar as suas facetas.
Parar o carro na estrada para saciar os desejos, se vê pela luz de espevitadas carícias e transformar um simples olhar de cobiça numa aventura.
Receber o corpo do “outro” com tapete vermelho, re(criar) deliciosas preliminares, tornar todos os cômodos da casa propício para uma tocante transa e ampliar a voz dos orgasmos.
Instintivamente esquecer a lingerie na gaveta, elaborar de véspera pensamentos pecaminosos, se espiritualizar com gotas de suor que avança cegamente por ombros, coxas e colo.
Amar.
Estar dentro de si, e do outro.
Amar é Viver
Intensamente!
Li, com o costumeiro carinho, o seu texto, como sói acontecer, envolvente,embriagado com o perfume de seus lençóis.
Muito obrigada!