Silvia Ribeiro

Quando estou amando…

Amo sem muralhas e sem ser sozinha. E não preciso me conhecer infinitamente pra perceber isso, nem de referências pra ajeitar os motivos que giram em torno de mim. Os meus olhos se encarregam disso.

Quando estou amando…

O meu coração gargalha como se o que eu estou sentindo desprendesse de mim e transcendesse o meu corpo, me fazendo volitar entre as minhas miragens e as minhas possíveis invenções. Subtraindo qualquer razão que possa parecer visível ao ser humano.

Quando estou amando…

Melodias antigas repercurtem na minha meninice e permitem que eu me deleite, enquanto sons que eu acabei de conhecer convivem com a minha curiosidade. Uma sinfonia que suporta a saudade sem buscar pelo tão falado felizes para sempre.

Quando estou amando…

Ando de braços dado com uma capacidade estonteante de viver o que eu ainda não vivi, e disso eu me alimento. Ponho pra fora a melhor parte de mim, e me permito desfrutar de toda a audácia que eu possa encontrar dentro do meu quarto. Algo que seja capaz de tirar a minha roupa.

Quando estou amando…

Incessantemente o tempo interfere na minha história como se eu fosse passar o resto dos meus dias olhando pra ele sem entender nada, e salienta um passado que me pede respostas e um futuro que me queima feito fogueira de São João.

Quando estou amando…

Sobrevivo de emoções sem querer saber a medida exata e me derramo por qualquer coisa. Não situo as contradições, e sou a única capaz de crer numa linguagem secreta que se esclarece quando os desejos se cristalizam, e quando eu digo “eu te amo”.

E quando “Não” estou amando…

Parto em busca de um destino sorridente, que tenha urgência de viver, e que me espere com um lápis na mão.

Lá eu serei flor entre palavras…