Eduardo de Ávila
Aprendi com um dos políticos mais interessantes com quem tive contato, ainda que muito restrito: Hélio Garcia. Cobria o Executivo como jornalista de redação em seu segundo mandato e, no primeiro – já na campanha, ele como vice de Tancredo –, fui vereador eleito na minha Araxá. Nessas ocasiões, aprendi a apreciar seu jeito prático de lidar com assuntos delicados e que envolviam interesses conflitantes.
Ouvi algumas vezes a frase: “Decisão judicial é para ser respeitada; se não concorda, cabe recurso”. Estamos assistindo, desde quando deram vez e voz a quem desconhece os assuntos sobre os quais se mete a opinar, a uma autoproclamação de verdadeiros juristas, delegados de apuração, cientistas políticos, entre tantas desqualificadas opiniões. Baseados, via de regra, em fake news descaradas, mas que insistem em fazer da mentira sua conveniente verdade.
Se antes era conhecido como poluição sonora, as redes sociais amplificaram essa condição para o visual. Grupos de amigos em torno de épocas escolares, colônia de terra natal, familiares e até do time do coração passaram a abrigar uma quantidade de imbecilidades que me sugeriu fugir dessa nociva degradação dos tempos modernos. Ainda mantenho poucos, quase os dedos das duas mãos (já foi de uma só, preocupante), ainda assim com modesta participação. Voyeur!
Essa situação vem de dez anos para cá. Aquela máxima da “tia do zap”: acredita em tudo que é conveniente ao seu desejo. Então, se seu time perde, vale desacreditar as opiniões confrontantes ao resultado do jogo ou decisão de campeonato. Se seu candidato perde, foi abuso de poder econômico, fraude na contagem dos votos (isso, quando era voto em cédula, era possível; agora, só na cabeça da tia e similares). E por aí vai, torcendo sempre pelo insucesso do time adversário e daquele candidato que detesta, baseado nas informações das fake news.
Vivemos num ambiente de democracia, por mais que – democraticamente – exista quem peça ditadura. Temos um Judiciário forte e atuante, por mais que apareçam julgadores e procuradores que condenem por “convicção” e sem provas. Se o presidente, governador, prefeito e parlamentares eleitos (em todos os níveis) não tenham sido os meus preferidos, desejo sucesso a eles. Afinal, vivo num país onde a liberdade deve ser respeitada, ainda que alguns insistam na contramão.
E assim venho acompanhando, desde o início dos anos 70, toda a história brasileira. Sempre estou votando e já fui votado. Ganhei e perdi, como candidato e eleitor. Certa vez ouvi de um sujeito que fala muito em democracia, após a derrota do seu candidato: “O que vou dizer ao meu filho?” Respondi a ele: “Sei lá, aqui em casa, quatro anos atrás, eu disse para aguardar a próxima eleição”. E essa pessoa vive conspirando e defendendo tudo que lê nas redes sociais que lhe interessam.
Agora, com tantos fatos envolvendo seu mito, não para de questionar a atuação do Judiciário. Ora, antes tinha uma leitura sobre a atuação da PF, TSE e STF. Agora mudou de opinião. Interessante e até hilário. Não votamos nas mesmas candidaturas e nem torcemos pelo mesmo time. Mas nossas diferenças são maiores que essas escolhas. Reagimos de forma diferente nas vitórias e nas derrotas das nossas escolhas. Aprendi a respeitar decisões judiciais, eleitorais e no gramado. Por isso, acredito, estou mais feliz que gente que se acha a racionalidade pela sua conveniência.
Ah! Estou numa final de Libertadores no sábado; posso ganhar ou perder. Quanto às eleições, tenho saldo de meio a meio. Já o homenageado ainda não conheceu o doce sabor de uma vitória nas urnas. Mas é muito mais qualificado – se acha – que todos que dele divergem. A PF está errada, o MP também, até os ministros do Supremo. E esse exército decadente costuma falar em Deus. Recorram ao Senhor!
“Ah! Estou numa final de Libertadores no sábado; posso ganhar OU PERDER.
Cumé que é? Posso perder? Conheci um clérigo salesiano que lecionava no Colégio Dom Bosco de Arará que, por sinal e se vivo fosse, completaria 69 anos de sua ordenação no próximo dia 8, o excomungaria ao ler a admissão de tamanha heresia. Ah, infiel, propagar ou sequer admitir tal impropério podem levá-lo a queimar no mármore do inferno!!!! Vá de retro!!!
Não serei queimado. Triunfaremos!