Rosangela Maluf
Não fazia muito tempo que a discussão havia ocorrido. Cada um teclava de seu canto, separados por quase sete mil quilômetros, tentando levar adiante uma relação que parecia destinada a não sair do lugar. Relação? Mais que uma amizade colorida, mas nada além disso.
Ela decidira não continuar. Ele insistira, pois os encontros virtuais faziam bem a ambos, apesar de não haver perspectiva de futuro. Conversavam três vezes por semana, mas nunca aos fins de semana, quando ele provavelmente estaria com a família. Ela nunca quis saber sobre sua intimidade, pois acreditava que seria um avanço que não levaria a lugar algum.
Falavam sobre a vida, as lembranças do Brasil, a cidadania americana, e a carreira dele como pianista da Sinfônica de Nova York. Ele compartilhava histórias de sua infância em Minas, da taioba e do pão de queijo com café, e até dos pastéis da Galeria Ouvidor, sempre despertando risos e memórias.
Um dia, ele mencionou ter levado a netinha ao parque, um detalhe que a fez refletir, mas, como de costume, preferiu não perguntar mais. Naquela situação, completaram seis meses de “namoro”. Foi quando ela contou que viajaria à Patagônia, realizando seu sonho de conhecer as terras do fim do mundo. Ele sugeriu que, em vez disso, ela fosse a Nova York. Mas, mais uma vez, ela deixou as perguntas no ar.
Despediram-se com a decisão de encerrar aquela história. Foi bom enquanto durou, mas parecia sensato parar por ali. Os dez dias de viagem se passaram sem trocarem mensagens. No retorno, o celular dela tocou. Era ele. Depois de hesitar, atendeu. Ele estava em Coney Island e queria compartilhar algo especial.
A câmera do celular revelou o pôr do sol sobre o mar, em tons intensos de laranja. Era um presente único, que a deixou emocionada. Em silêncio, eles contemplaram a cena. Quando o sol desapareceu, ele desligou o celular sem lhe dar a chance de agradecer. Ela ficou sem palavras, com sentimentos confusos e intensos.
Ele não ligou mais, nem no dia seguinte, nem depois. Convencida de que o pôr do sol fora o ponto final da história, ela tentou seguir em frente. Uma semana depois, ao voltar para casa, viu uma mensagem no celular:
“Voando pra BH, na próxima semana. Beijos. Te amo.”
Discreção, respeito e tempo são essenciais numa relação “alicerces.” *O amor é tudo de BOM.
Oi garota, amei viu??? Como sou curiosa, gostaria saber se tem continuação. Vou amar se tivet!!!
Um beijo no seu coração!!!
Uau!!! Que final!!! E deve ficar como final mesmo. A continuação deve ficar por conta da imaginação dos leitores.
Gostei muito! Acho que valeria a pena um final feliz com ele!
Gostei do modo despretensioso da relação. Não sei se daria conta.
Que presente de Natal!!!
E agora? O que fazer?