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Participação do Brasil nas Olimpíadas

Eduardo de Ávila

Confesso meu quase total desinteresse pela competição. Estou errado, acho que deveria me envolver mais com os jogos olímpicos, mas nunca me empolguei com essa festa. Percebo pessoas interessadas, e entre elas, é impressionante – por algumas poucas – a politização, sobretudo dos episódios dos tempos recentes no mundo e aqui no Brasil. Semana passada, num misto de estarrecimento e risos íntimos, ouvia uma conversa entre três senhoras que me fez acreditar que minha escolha por ignorar esses jogos é melhor que o interesse que elas demonstravam.

Desfilaram críticas ao desfile de abertura, que não vi, portanto, acreditaria, não fosse a sequência das observações das representantes dessas pobres de classe rica. Houve um comentário ridicularizando o rio Sena, comparando-o ao Tietê de São Paulo. Seguiram seu bombardeio projetando os jogos de 2028 em Los Angeles. “Será um sucesso, o Trump vai mostrar ao Macron”. Nessa altura, fiquei dividido entre “melhor ouvir bobagem que ser surdo” ou rir na cara das cultas desportistas. Em momento algum disseram algo sobre as competições.

Pois bem, acabei vendo um pedacinho de alguns eventos, por ter ido a minha Araxá durante o tempo que estive na casa de um sobrinho. Ele e filhos estavam envolvidíssimos com o Brasil em busca de medalhas. Foi o suficiente para acompanhar os 30 minutos finais da partida Brasil e França pelo futebol feminino. Vencemos as donas da casa, mas foi hilário ver as cenas grotescas que aconteceram. Uma juíza de futebol escancaradamente prejudicando as meninas do Brasil, desde lances da partida, cartões tendenciosos e 16 minutos de acréscimos. Chegou até 18 minutos e meio. Estava evidente a tentativa desonesta de buscar o resultado para a França. Assim como, aqui na CBF, fazem para beneficiar times do eixo RJ/SP. Episódio triste de ver.

A delegação brasileira, ao que sei, segue o mesmo roteiro de olimpíadas do passado. Não temos histórico e tampouco tradição em Olimpíadas. Ao todo, incluindo as atuais medalhas deste ano, conquistamos tão somente 163 medalhas em todas as participações desde 1920. Treze delas, até o momento nos jogos de Paris. São 39 de ouro (duas em Paris), 46 de prata (cinco) e 77 de bronze (seis). Creio que vamos ganhar outras, mas não imagino superar as duas últimas. No Rio de Janeiro, em 2016, foram sete de ouro, seis de prata e seis de bronze, totalizando 19. Já em Tóquio, no ano de 2020, novamente sete de ouro, seis de prata e oito de bronze, com 21 medalhas, nosso melhor desempenho ao longo dos tempos.

O futebol masculino brasileiro, outrora o melhor do mundo, sequer conseguiu classificação para participar dos jogos na França. Interessante, nossa primeira medalha de ouro no esporte bretão foi em 2016 e repetimos em 2020, agora ficamos fora e os países sul-americanos – também já eliminados – foram Argentina e Paraguai. Que fiasco! Nosso futebol feminino, que surpreendeu após classificar na tábua da beirada, surpreendeu as francesas. Agora tem nas semifinais a difícil missão de encarar as favoritas espanholas. Na fase de grupos, perdemos dessas adversárias por dois a zero. Vou torcer pelas meninas do Brasil, apesar de o time ser da CBF. É de inteira responsabilidade dessa instituição a derrocada do futebol brasileiro no contexto mundial.

Para fechar, se no quadro geral de todas as olimpíadas ocupamos a 35ª colocação, na atual – situação de momento – estamos na 17ª posição. Nosso pior desempenho, em termos de ranking, foi em Sidney (2000) na 53ª posição. Nenhuma medalha de ouro, seis de prata e igual número de bronze. Se na primeira delas, 1920 na Antuérpia, foram três medalhas, uma em cada premiação (ouro, prata e bronze); depois 1923 (Paris), 1932 (Los Angeles) e 1936 (Berlim) nenhuma mísera medalha conquistamos. Nos jogos de 1928 (Amsterdã) não houve participação brasileira. A melhor colocação foi em Tóquio, 2020, em 12º lugar; já no Brasil, ficamos em 13º. Temos de melhorar muito para atingir melhores marcas e resultados. País onde esporte e cultura não têm investimentos, jamais se tornam grandes nações. Sigamos?

*imagens: UAI/EM

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