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E a gente vai levando

Eduardo de Ávila

Assim, uma das inúmeras composições do maior letrista brasileiro – Chico Buarque – que tenho registro e embalou minha geração sugere. Tenho por hábito ao me recolher e apagar a luz do quarto, entoar silenciosamente minhas reflexões em tom de oração com o Senhor de todas as crenças, enumerando e nomeando as pessoas do meu entorno. E foi assim, ontem num dia diferente – cada momento vivido tem suas particularidades – nem tanto quanto anteriores me veio pensamentos dessa natureza. A gente vai levando.

Talvez pelo fato de essa segunda-feira ter sido muito intensa aos assuntos que me interessam e acompanho de perto. Acordei no primeiro dia útil da semana, ainda indignado com a atuação de um juiz de futebol, que prejudicou meu time do coração no domingo. Nada de anormal, afinal esse procedimento é histórico e já dura por décadas, nem assim abalando a minha fé e a de dez milhões de Atleticanos espalhados por Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil e pelo mundo afora. Porém, mesmo sendo o roteiro e o repertório contumaz daquela gente que comanda o futebol brasileiro, podemos – ainda – exercer nosso direito à indignação. Culpa desses caras essa derrocada do outrora melhor futebol do mundo.

Pois, como a gente vai levando, o noticiário nacional ontem se ocupou do afastamento de uma juíza – que substituiu Moro na Lava jato – e mais três juízes federais do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Gabriela Hardt, Thompson Flores, Loraci Flores de Lima e Danilo Pereira Júnior, agora serão julgados pelos conselheiros do Conselho Nacional de Justiça. Mesmo eu sendo crítico aos rumos que a tal Lava Jato, sob o comando midiático do Moro e Dalagnol, não me acho apto a avaliar sobre o tema. Isso será decidido tecnicamente por gente de notável saber jurídico, condição que mesmo eu tendo formação em Direito (com inscrição na OAB), não me qualifica para julgador.

Nem mesmo torcer por esse ou aquele lado, ainda que tenha meu pensar sobre o assunto, mas me permito rir e até debochar de comentários de quem sequer sabe absolutamente nada sobre o exercício do Direito. São meros torcedores de arquibancada de um lado. Por mais obscuro que seja a opção dessa gente, não deveria ser tratado como torcedor de time de futebol. Justiça ainda que tardia! Doa a quem doer. Endeusaram parte de um Judiciário tendencioso e faccioso, fazendo que os sujeitos acreditassem ser Deus e deu no que deu. Quanto ao mérito desse imbróglio, caberá aos habilitados o julgamento. Daqui vou levando, desejando e esperando o melhor para o restabelecimento da Justiça num estado democrático.

De volta ao Chico, que ao lado de tantos outros como Caetano, Gil, Gal, Betânia, Milton foram ícones da minha época, sigo em paz ouvindo as canções que enriqueceram a nossa cultura. Assim como rio dos torcedores da falsa moralidade, também me divirto quando ouço “não gosto mais do Chico, do Caetano, Gil, Gal, Betânia, Milton, embora curta suas letras e músicas”. Quanto sofrimento! Eu ainda gosto e admiro o Pelé, que um dia disse que o brasileiro não sabia votar, atendendo desejo do regime militar. É preciso dar conta e saber separar as coisas. Tem um jogador do meu Galo, importantíssimo nas conquistas de 2021, que foi para a porta do QG – junto da esposa – depois do resultado das eleições, defender o golpe orquestrado e a idolatria a pneus. Nem por isso vou deixar de reconhecer o valor do voluntarioso lateral naquela temporada.

Por fim, logo eu que venho afirmando – em tom de brincadeira – que já conheço muita gente e que quero é dar baixa em parte desses relacionamentos, estou vibrando com tantas pessoas novas que tenho conhecido. Uma entre essas, tem me proporcionado animadas prosas nos últimos dias, seja sobre política, cultura e – evidentemente – relacionada ao futebol. Por isso, de novo recorrendo ao Chico, a gente vai levando. Quem não se recorda da sutileza desse artista múltiplo, perseguido e vigiado pela censura e pela Ditadura, utilizar de linguagem figurativa para driblar os gorilas da repressão.

Torcedor do Fluminense, time da elite carioca, ele ousou e abusou. Em “Jorge Maravilha”, deu o recado aos militares: “você não gosta de mim, mas sua filha gosta”. E assim, entre inúmeras canções – a exemplo de “apesar de você”, “construção”, “cálice” deixa um legado que será lembrado, estudado e reverenciado ao longo dos tempos. Inclusive entre gente que tem esse lado de dificuldade em compreender que o mundo é de todos e não daqueles que manipulam nossas vidas.

*imagens: pixabay

Blogueiro

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  • Pois é,nobre temporão. Corruptos combatendo a corrupção, qdº na verdade roubaram muito e destruíram o pouco q restava deste País. Agora só resta esperar q a justiça honre sua existência cortando a própria carne. A ver!
    Apesar de você amanhã há de ser outro dia.
    Oferecimento: Balas Juquinha. Quando tá chupando bala ñ fala. Ñ fala, ñ dá bola nem dá bala.

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