Bate coração - fonte: pixabay

Bate coração

Bate coração - Fonte: Pixabay
Bate coração – Fonte: Pixabay
Daniela Piroli Cabral
contato@danielapiroli.com.br

Tem certas reconciliações que demoram um tempo longo para acontecer. A nossa foi bem assim. Não foi de repente. Eu quis dar um tempo. Estava cansada. Por tantas frustrações e desencontros, acreditei que você não fosse mais importante para mim. Senti muita raiva. Não te procurei. Quis que você sentisse tudo o que me fez sofrer. Quis ver se você sentia a minha falta. Mas a verdade é que nosso caso de amor é antigo e tem a chancela do tempo. 

E é verdade também que os assuntos do coração guardam os seus mistérios e, desde o nosso início, mesmo com toda pressão familiar para que eu gostasse de você e que ficássemos juntos, o meu amor foi sempre autêntico e legítimo.

Por isso, preciso te dizer algumas coisas. Durante nosso afastamento, sempre fui fiel, pode ter certeza disso. Não me perdi em outros amores mais fáceis e óbvios. Ainda guardo com muito carinho o último presente que você me deu: uma camisa listrada de preto e branco no ano de 2008. Nesse tempo todo, percebi o quanto você é importante para mim e o quanto a nossa relação me fez falta.

Em muitos momentos, revisitei nossa história através das fotos. Uma delas vinha com data, escrita no verso da fotografia revelada. Coisa que não fazemos mais. Novembro de 1996. Estávamos juntinhos numa das arquibancadas balançantes do antigo Mineirão. Nosso amor adolescente fazia meu coração palpitar. Ficava ansiosa esperando nossos encontros. Lembro de desfilar, toda prosa, a chuteira de futsal que você me deu quando eu ainda era artilheira no time da escola. Chorei com as lembranças. Para te sentir mais perto, dormia com as nossas fotos debaixo do travesseiro e saia vestida usando as roupas com as quais você me presenteou.

Mas confesso: fui orgulhosa também. Recebi as suas últimas mensagens através dos nossos amigos em comum e ignorei. Por puro orgulho. Não queria dar o braço a torcer, nem me sentia pronta para me abrir novamente. Os seus recados também vieram pela televisão, mas fiz pouco caso. Estava cansada das suas palavras vazias e da sua falta de atitude.

De outras vezes, tentei me aproximar à distância, pelas redes sociais, sem que você percebesse, reiniciando um flerte unilateral. Te acompanhei nas telas vendo as suas mudanças e as suas conquistas, mas sem coragem de me envolver outra vez.

Foi bom ter te encontrado pessoalmente na última terça-feira lá no estádio. Você estava lindo, o passar do tempo só te fez bem. Pude te reconhecer de perto, em casa detalhe. E, apesar da falta de entrosamento, o mais importante foi o resultado. A gente conseguiu chegar num consenso e posso te dizer que estou pronta para nós. Uma relação sem idealização e sem ilusão de completude. Uma relação de altos e baixos, que extrapola os limites da razão, mas que me faz sentir viva.

Não consigo mais viver sem essa emoção. Vamos juntos, Galo!

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