Achaque em tempos de black friday

Essas promoções, segundo ouço testemunhos, nem sempre são tão interessantes como pretende sua divulgação. Como já superei, faz tempo, essa tentação consumista, deixei de ser vitima de comprar aquilo que não necessito. Aprendi a responder os quesitos básicos de uma eventual ida em loja. Quero? Preciso? Tenho dinheiro? E ainda resistir a tentação do cartão de crédito e outras facilidades consumistas, pois a conta mais tarde vai chegar.

Se estou imune a essa tentação, outras nem tanto, afinal ninguém é perfeito. Meu time do coração, que me leva em todos os jogos (a última partida mandante que não fui está lá em fevereiro de 2006), me sugere participar de planos de sócio torcedor, e agora recentemente, adquirir duas cadeiras cativas da Arena mais moderna do Brasil e das Américas, seguramente uma das melhores de todo o mundo. Nesse caso, afirmo, não foi tentação consumista. Foi uma aquisição que carrega um misto de comodidade e sentimento de pertencimento. Sobretudo neste momento que os clubes de futebol passaram a ter donos investidores.

Como nem tudo são maravilhas, esse novo estádio do meu time, trouxe a reboque algo que vem me causando profundo desconforto. O estacionamento, terceirizado a uma empresa do ramo, vem penalizando ao torcedor e – de quebra – aos usuários em dias de eventos. O show do Paul McCartney de domingo e ontem, endossa essa afirmação, como também o da Ivete Sangalo. O dela foi num dos eventos de inauguração daquela maravilhosa e magistral obra para a prática do futebol e realização de grandes eventos na capital mineira.

A empresa concessionária do estacionamento, de indiscutível e notória qualificação para esse serviço, não se constrange com o alto valor cobrado naquela praça construída pela iniciativa privada. Embora tenha contado com significativa participação de Atleticanos, como eu que comprei cadeiras cativas, o grande aporte – na verdade – foi daqueles empresários que com o passar dos tempos se tornaram mandatários dessa SAF que é dona dessa nossa paixão Atleticana.

E nesse imbróglio, que é debatido tema que não tenho qualificação para qualquer afirmativa, recolho a insignificante condição de consumidor. Pois bem, se no show da Sangalo, o estacionamento custou 70 reais, agora no do astro beatlemaníaco, elevou para 140 reais. Um achaque a quem pagou caro pela presença nos shows. Nem vou entrar no mérito de a condição de proprietário me facultar comprar ingresso antes da venda ao público, fato que acabou por me penalizar. Explico: paguei o preço cheio, com esse privilégio, depois com as vendas em baixa no segundo dia, foram oferecidos ingressos com até 60% de desconto. Terrível, como diria um dileto e querido amigo locutor esportivo.

Mas de volta ao valor escorchante cobrado de nós torcedores apaixonados pelo nosso time do coração em dias de jogos. Salvo melhor juízo, começou com 40, pulou pra 50 e estacionou em 70 reais. Fato é que, depois da inauguração, com poucos jogos, passamos a pagar esse valor para ter esse conforto. Outros desconfortos, prefiro atribuir a fase inicial dessa prestação de serviços, desde que os atores estejam dispostos a ouvir. Ao que sinto, quem manda até tem disposição para isso, mas quando delegam a subordinados nem tanto. O jornalista, como é meu caso, por pouco tinha de parar no estacionamento e dar a volta fora do estádio para entrar numa porta ao lado de onde parou o carro. Muitos, entre nossos colegas, que trabalham para emissoras pequenas pagam pela vaga mais de 50% do valor que recebem numa transmissão. Enfim, são situações que mereciam melhor avaliação.

Por fim, para fechar essa resenha, no sábado meu time – em função do show do Paul na mais moderna Arena do Brasil – jogou no Mineirão. E lá fui eu, como sempre, quando tive uma surpresa. É a mesma empresa que explora os dois estacionamentos. Pois que se lá na nossa casa, que ajudamos a construir, eles cobram 70 reais para as 2300 vagas disponíveis, na Pampulha o valor é de apenas 40 reais, nas 4.284 disponíveis para o torcedor. Discrepância danada, daí me recordo que esse preço vem sendo praticado desde 2021. Exceção naquela temporada ao jogo final da Copa do Brasil, que foi de 50 reais, num momento de idêntico oportunismo para achacar a apaixonada torcida Atleticana. Sigamos! Qual será o valor para a temporada 2024?

Em tempo: sobre o mega show. Inesquecível! Ainda para quem, como eu, tenha ido nas duas oportunidades anteriores dele na nossa Belo Horizonte. Nem o atraso, começou uma hora depois do horário marcado, nos dois dias. No domingo, incrível isso, pararam o trânsito no acesso ao estacionamento – cerca de 20 minutos, tempo suficiente para um desnecessário congestionamento – para a passagem de um “cabo” para o evento. Tinha de ter sido feito antes, depois – não sei se decorrente disso – atrasaram o início da entrada em mais sessenta minutos. Mas, tudo era festa, apesar do preço do estacionamento. Que ficou muito vazio, pelo valor cobrado, muito menos carros que em dias de jogos do Galo. Bem feito! Ganância dá nisso.

*imagens: 1) UAI/EM; 2) print TV Galo

3 comentários sobre “Achaque em tempos de black friday

  1. Homem primata, capitalismo selvagem ; dileto amigo temporão! Esses tempos de black friday fazem lembrar o modelo de capitalismo suíço em quê tu tens tem 500 vacas, mas nenhuma é sua, daí vc cobra para guardar a vaca dos outros. Sigamos,pois o sistema é bruto.

  2. Sempre digo que, em outra encarnação, quero ser dona de estacionamento. Dinheiro fácil demais. Um absurdo! Bem que o clube podia interferir, não?

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