Silvia Ribeiro
A rotina pode se tratar de vários fatos comuns e em comum.
Fico tentando encontrar uma graciosidade ou alguma palavra carinhosa pra expressar esses “amanheceres” e “anoiteceres” afoitos, que se recusam a sair do mundo de todo dia e inventar algo menos meticuloso e previsível.
Tipo: Carnaval fora de epoca. Talvez seria uma boa ilustração, creio eu.
Chega um certo momento do dia que tudo parece impontual. O ônibus atrasa, o jornal só fala de notícias velhas, a fila não anda, a oferta era pra ontem, e o computador nem olha na nossa cara. E por aí vai.
Hoje eu quero dividir um parecer sem buzinaços, sem egoísmos caquéticos, e sem nenhum tipo de magnetismo levantando a voz. E sinceramente acredito que isso é ser adulto.
A rotina amorosa.
Tenho cá pra mim que existe uma determinada expertise aliada a uma certa fórmula mágica, mandinga, amparo, ou algo parecido. Tipo um jogo da velha, onde na maioria das vezes perdemos por uma simples falta de atenção.
E nesse caso a rotina é matadora.
É fácil trombar com ela presa em casa, ou possivelmente naqueles bares habituais em que o garçon vira nosso amigo próximo.
E pode estar nas repetidas rodas de amigos em que o assunto já se sabe de cor e salteado, nas interações via Internet, ou num simples veneno entre comadres.
Pormenores que se favorecem de possibilitar que as relações se tornem mornas e que seja responsável por um plausível desapreço.
Em outras palavras.
Sentimentos que não concluem os próximos capítulos, e que perdem a expressão. Emoções que só ingerem planos e não colocam o pé na rua, e ambições que não saem do alicerce.
Uma versão de historinhas que ficam longe de ser o nosso ideal de ver pra crer.
E vem aquele pânico dos dias iguais frustrando as nossas buscas romancistas, a nossa vontade de viver aqui e acolá transitando por diversas nuances, e o futuro sem ser gestado.
Parece que os acontecimentos estão pregados na porta da geladeira relatando o que será vivido data após data. E isso é maçante.
É como se tivéssemos vivendo os abismos, os não posso, os deixa pra depois, e os desânimos do outro.
E você não sabe onde guardar os domingos que você gostaria de estar por aí em um lugar qualquer, as segundas que você se imagina tomando um café diferente e comendo um doce dos Deuses. As terças com cara de preliminares, e as quartas que vale a pena uma pipoca e um bom filme.
As quintas que sugerem um sexo gostoso, as sextas que você só quer falar bobeiras e ouvir uma boa música, e os sábados sem hora pra acabar.
Qualquer coisa que mantenha o interesse do outro.
E quando as estrelas já estiverem cansadas o coração possa dizer sem medo de errar.
Hoje eu fui além dos costumes.
Vi, ouvi, senti, e experimentei.
Xô rotina.
A rotina
Sim
Pode por muitas coisas a perder
No entanto
O maravilhoso
Enobrece o espírito de tal forma
Que a arte
Pura e simples de lavar uma louça
Em forma de ajuda ou companheirismo
Acende a luz da excelência
Dá abrigo ao belo
Faz por merecer
O lindo amanhecer de um novo dia
É verdade.
…rotina é uma área de conforto para aqueles que se sentem encomodados com as mudanças e temem o novo.
As vezes é difícil mudar.
Parabens Silvia……
Muitas vezes, as limitações financeiras favorecem a rotina. Pelo menos este é o meu caso. Abraços