Daniela Mata Machado
Compositor de destinos
Tambor de todos os ritmos
Tempo, tempo, tempo, tempo
Entro em um acordo contigo
Tempo, tempo, tempo, tempo
Quando eu era menina, o Natal demorava a chegar coisa de uma vida e mais três dias. Os dias eram longuíssimos e pareciam especialmente maiores quanto mais se aproximava o Dia das Crianças ou a data do meu aniversário. Mas nesta semana, quando descobrimos que Papai Noel já estava estacionando seu trenó nos shoppings centers da cidade, minha filha caçula, de 13 anos, comentou que o ano tinha passado rápido demais. Aquela sensação de que a vida corria mais veloz do que deveria correr – sempre típica de quem começava a ter muito passado e um pouco menos de futuro – de repente chegou às crianças, aos jovens e a quem normalmente estaria correndo acelerado rumo aos tempos vindouros, sem nenhum temor de que tudo um dia terminasse.
“A semana está passando rápido demais. Os meses, os anos…”, uma senhora do meu prédio comentava quando interrompeu a frase, que eu e meu companheiro, em silêncio, completamos na cabeça: “…a vida”. Quando foi que a gente começou a contar os dias pelo tempo que falta para sermos felizes em vez de aproveitar o hoje, o minuto atual, o agorinha mesmo?
Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã, parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem
De quem não tem vintém
Pedro pedreiro espera o carnaval
E a sorte grande no bilhete pela federal
Todo mês
Chico está cantando no meu Spotify e é já que chega a Simone, entoando Então é Natal e a gente segue esperando, esperando, esperando… O espelho me mostra mais cabelos brancos e uma ruga nova. E a gente espera.
Na aula de mindfullness, o professor ensina a manter o foco no momento presente. “Tente manter a sua atenção na respiração pra que a mente não fique vagueando muito”, ele ensina. Minha mente vagueia e vai lá naquela goiabeira da minha infância, quando as horas eram longuíssimas e ninguém precisava me dizer para estar presente. Eu estava. A goiabeira era absolutamente tudo o que existia. Não havia passado, nem futuro. Não havia ansiedade, nem angústia. Os dias eram longos, os meses eram imensos e o Natal demorava a chegar… uma eternidade e mais três dias.
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Simplesmente adoro ler você, amiga!
A espera não se parece mais com esperança, ela parece meio triste. Vamos continuar esperando o Natal, o trem, a sorte grande...um pouco de paz.