Eduardo de Ávila
Já estou somando mais de 45 anos de trabalho e contribuição previdenciária. Desse total, quase quatro décadas na condição de servidor público e beirando 30 anos no mesmo poder – se somado com outras averbações até passa dessa marca – cada dia fica mais próximo o momento de buscar sombra para o resto dos tempos. Dos meus 65, quase já 66 anos de vida, somam 50 deles vividos em Belo Horizonte.
Meu primeiro endereço na capital foi ali mesmo, exatamente na Rua Cláudio Manoel. Naquela ocasião, no distante 1974, era o bairro Funcionários que tinha duas pequenas regiões dentro de suas confluências. Savassi e Boa Viagem. Neste milênio, ambas foram transformadas em bairro. Na praça, confluência das Avenidas Getúlio Vargas e Cristóvão Colombo, ficava o pirulito que está no centro da cidade. Ele, na verdade, voltou ao seu local de origem que era a praça Sete.
Vi e frequentei a Padaria Savassi (que deu origem ao nome do bairro), onde foi até recentemente uma loja da Vivo. Na Cristóvão Colombo, ao lado da Feira Shopping, ficava o cine Pathé. Dos tempos que as salas de cinema eram enormes e nem existiam shoppings. Os bares eram BB Circos, na Paraíba; Garden e depois o Aloha, rua Pernambuco com Tomé de Souza. E muito mais. Tenho muita saudade de circular por ali e pegar o ônibus 23 ou 27 (sentido contrário), que passava pela Getúlio Vargas e contornava boa parte da cidade.
Pois bem, depois desse meio século belorizontino – com duas pequenas interrupções nessa relação – que me rendeu o honroso título de cidadão honorário, agora procuro acomodação. A honraria foi concedida pelo então vereador Lúcio Bocão. Sinto, cada dia mais, necessidade de buscar aquietar pelos dias que me restam nessa existência. Ainda pretendo viver por um bom tempo e curtir essa região que sempre fez parte da minha vida. Mesmo morando fora do entorno da Savassi, lá é meu ponto de encontro e referência todos os dias.
No Pátio, além das modernas e geladas salas de cinema, ainda as cafeterias (Ah Bon e Cappuccini) e as boas prosas que me proporcionam. No quarteirão fechado tem o Café Três Corações e a lotérica (quem não faz uma fezinha) que ainda serve o delicioso pão de queijo da dona Dolores. E tem muito mais! Café do Geraldinho, no Quinta Avenida; Salão Freitas (conhecido como barbearia 3M/Rangel, Rodrigo, Leo) para onde pretendo levar uma cadeira reclinável. Assim será, como fantasio, meus novos tempos depois de deixar toda essa correria diária que já deu.
Só me faltam duas coisas. Identificar uma nova moradia na região da Savassi. Tenho procurado, mas minha economia não bate com as pretensões daquilo que tenho visitado. Me lembra cachorro correndo atrás do próprio rabo. Nunca alcança. Ainda vai acontecer, “ando devagar porque já tive pressa…e levo esse sorriso…porque já chorei demais”, me embala Almir Satter. Quero crer que já estou merecendo. E a outra situação é de estar finalmente podendo viver os tempos da aposentadoria. Serei capaz até de levantar mais cedo pra ficar mais tempo atoa. Essa frase é do saudoso conterrâneo Nivaldo Neves, que dizia sempre dessa maneira quando era abordado sobre essa nova realidade. Enquanto isso não se apresentar efetivamente à minha frente, vou vivendo a fase de planejar e sonhar.
Quero viver ainda algumas décadas para contemplar a cidade que me acolheu no lugar que sempre fez parta da minha vida. Pretendo vivenciar toda a efervescência desse lugar. Prosear sobre futebol, política religião, cultura, apreciar gente bonita que passa. Era por esses lugares que, junto ao inesquecível amigo Roberto Drummond, sonhávamos com o Galo campeão e um sociedade justa. Hoje é meu ponto de encontro com Silvio Scalioni, Dudu do B, Albertinho Rodrigues e tanta gente mais. Eu quero mais é savassiar!
*fotos: UAI/EM
Ótima ideia, vou savassiar! Vou sair agora, aqui do meu Pompéu, e vou savassiar na minha capital Belo Horizonte. Fui
Amei! Meu tempo de frequentar Savassi foi um pouco depois, 78/79, mas é o bairro que me deixou todas essas lembranças. Que ache sua moradia aí, com muita alegria, querido amigo.
Quanta coisa boa você conta além das boas dicas dos cafés da Savassi. Mas o melhor mesmo foi a emoção que você me causou ao citar a famosa frase meu pai, Nivaldo. Valeu, amigo!
Seu pai era muito querido. Um mito. Bjo
Bela colocação!
Lembrar da BH do nosso tempo, do Nivaldo Neves e levantar mais cedo, pra ficar mais tempo atoa!
Siga em frente!
Sou apaixonada pela Savassi!
Também vivi a transformação dela desde a padaria , as primeiras boutiques, os famosos barzinhos e o inesquecível cine Pathé. E ainda hoje, uma região viva, multicultural e acolhedora , uma síntese de nossa mineiridade.
obrigada pelo carinho,\Eduardo,é sempre um previlegio receber e atender voce,abraço…
Dá para se perceber, que seus dedos cravaram as teclas, arrabcando as letras, no fundo do coração.
Misto de saudade, súplica, com a ousadia da ternura.
Faktou, quem sabe, revelar os encontros com Júnior, primo-irmão. . Esqueceu-se? Ah, bom!. E, antes que você vire as costas, .. parabéns.
Abraço, saúde e Oaz.
Sucesso e vida lúcida, longa.