Bondade

Em momentos de aflição, existem duas frases que piscam em minha mente feito letreiros luminosos na escuridão. Elas me dão esperança de sair dos problemas e de pensar que algo de bom eventualmente irá acontecer. 

Uma delas tem a autoria atribuída a Chico Xavier e diz assim: “O bem que você pratica é seu advogado em toda parte”. 

Esse advogado já me defendeu por diversas vezes, ou pelo menos, entendi assim. De certa forma, quando tenho esse pensamento, confio no bem, no amor e nas consequências boas de um encadeamento de ações justas que eu possa ter tido eventualmente pela vida.

A outra é um pouco mais profana, e vem da personagem Blanche Dubois em “Um bonde chamado desejo”, do dramaturgo americano Tenessee Williams. Blanche diz no fim da história: “Sempre dependi da bondade de estranhos”. A bondade de estranhos por inúmeras vezes também já me ajudou, assim como aos meus. Esta frase se refere àquela benesse considerada imerecida, advinda da sorte, do acaso ou simplesmente da histeria da necessidade. Ela resolve detalhes simples, como conseguir uma vaga para estacionar o carro, uma concessão qualquer em um aeroporto ou um horário no dentista quando se está com dor.

Pode servir, no entanto, para situações muito mais importantes…

Não há lógica alguma nessas elucubrações e, removendo-se o aspecto religioso, dirá-se dos acontecimentos que são resultado de sorte, ação e reação, acaso, física, biologia ou coincidências.

No entanto, gosto de enxergar a existência assim, permeada ora do misticismo sagrado, ora da beleza literária mundana. Ambos os campos se alicerçam sobre a própria vida, imitam-na, repetem-na e tornam a narrativa cotidiana um pouco mais pitoresca e interessante.

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