Silvia Ribeiro

Se de longe você me vê assim tão quieta, saiba que por dentro sou um turbilhão de loucuras, dessas que escorregam na garganta feito um gole de vinho tinto embriagando os meus desejos.

Alguma vezes pareço uma lua escondida na imensidão do céu a procura do seu sol, outras sou asas de borboletas lépidas penetrando as flores e dando a elas a chance de colorir o mundo.

Sou uma menina faceira, de saias rodadas, de abraços ao vento, e sem chinelos nos pés. Melodio as minhas emoções sem me preocupar com o desafino, pulei ondas de desilusões, fiz a tristeza deixar de existir de um jeito bonito, e percebi que nasci pra sentir demais. Hoje ando a vagar por sonhos esvoaçantes ou algo que se pareça com o meu rosto.

Venha!

Traga pra mim o seu peito pra que eu possa me ajeitar, deixa eu me abeirar do seu sorriso e sentir o gosto da sua língua, entenda essa minha escolha que já vem de longe, se torne inédito quando eu te disser que já sei tudo do seu corpo, cumpra a profecia dos grandes mestres e me ensine o que é o amor.

Se apresse e venha para a morada dos meus seios e desabotoe a euforia dos meus sentidos, seja fogueira e aqueça os meus olhos quando eles estiverem falando de desejos, não me faça esperar por seu gozo e tranquilize a minha reciprocidade. Repita que estamos prontos e festeje por ter me dado as mãos, brinde com a minha entrega e me faça ter histórias pra contar.

Solte essa saudade e deixa que o meu toque cante a sua canção preferida, dê importância para as minhas pernas e olhe como elas estão cheias de urgências, me faça lembrar das suas carícias e dos motivos que me fizeram te querer por inteiro.

Seja boemia dentro de mim e não me deixe ir.