Silvia Ribeiro
As vezes me sinto só.
Mas, não de uma solidão de pessoas, não é isso. Sinto solidão do que eu não encontro dentro delas.
Alguns corações estão vazios de afeto e outros completamente cheios de si, no entanto lhes falta algo. Muitos se mostram espaçosos e um pouco frios, sem contar aqueles que foram fechados bruscamente e que parecem doentes.
Temo não encontrar nenhum que me faça companhia, ainda assim não desisto.
Procuro um pouco mais e lá está ele, um tanto distante eu sei, porém ainda está lá com o seu jeitinho. Me aproximo, e um vento gelado percorre todo o meu sangue me causando um arrepio indescritível.
Entro bem devagar, pois não pretendo me demorar. Lá dentro está tão quentinho tirando toda a friagem que eu havia sentido instantes atrás, e começo a ter medo.
Experimento um conforto que eu jamais havia pensado antes, e isso aguça a minha vontade de ficar por ali.Talvez esse seja o lugar que eu sempre quis estar mas, eu preciso partir.
Saio de fininho e não tenho a coragem de olhar pra trás.Tudo parece acontecer dentro de um espaço mágico, me oferecendo sensações que teimam com o meu corpo e me mostram que eu preciso ser valente.
Não me sinto preparada e me vejo perdida num cenário que eu não conheço. Só consigo pensar que, mais alguns passos e eu já estarei longe, porém os meus pés não acatam aquela fuga.
Ei, psiu! Onde você pensa que vai?
Viajou por tantos lugares me procurando, abriu portas pra que eu entrasse, andou falando de mim pra tantas pessoas, se rasgou na possibilidade de viver comigo, colecionou datas que te faziam se lembrar de mim, e até viveu escolhas que te fizeram me amaldiçoar.
Fez de mim as suas orações, quis me conhecer, tropeçou várias vezes quando não entendeu o que eu queria dizer, experimentou receitas novas em meu nome, pediu pra viver tudo aquilo que eu trago dentro de mim, por vezes me levou pra sua cama, e até me transformou em poesias.
E agora vai embora?
Vou te dizer uma coisa.
Eu estive aqui à sua espera durante todo esse tempo em que você tentava me ver através das estrelas, naquelas histórias que você não contou pra ninguém, e quando você pensou que eu não era pra você.
Sou aquele coração que você sempre procurou, e o amor que eu carrego dentro dele sempre foi seu.
Bobinha.
A brisa suave, que entra na sua janela, lhe traz tamanha inspiração.
Muitas inspirações.
Escritora e Poetisa Sílvia Ribeiro!
Parabéns pelo belíssimo texto, que você acaba de nos presentear!
Adorei!
Obrigada
Liiiiiiiindooooo D++++++++++
Obrigada!