Silvia Ribeiro
Recentemente alguém me disse sobre o tempo. Ou melhor, a falta dele.
Estamos sendo cada vez mais escravizados por ele, e nos submetendo aos seus desmandos e grilhões, e isso nos leva a um exaustivo cansaço.
Não conseguimos acompanhar o seu roteiro e ficamos nessa situação de gato e rato e totalmente à mercê do seu bel-prazer, como se ele fosse o mágico de todos os destinos.
Quantos motivos nos fazem não ter tempo?
Compromissos inadiáveis, pressa com um quê de esquecimento, visões deturpadas, bagunças emocionais, falta de vontade, desleixos purpurinados, birras tolas, egoísmos se apoiando em velhos costumes, futilidades dando lugar à afetos, rejeições cheias de firulas, desamor rasgando bons momentos, e tantas outras modalidades que chegam palpitando nas nossas desordens.
Até que um dia alguém chega e nos diz: o seu tempo acabou.
E penso em quantos “amanhã eu faço” morrem sem ao menos ter tido a chance de uma respiração boca a boca.
Somos arrastados por uma enxurrada de lembranças que ficaram pra trás e que naquele momento se abstém de qualquer importância, e tudo o que a gente quer é exatamente voltar no tempo.
Fazer aquela viagem que não fizemos, dar aquele abraço que não demos, dividir aquele sorriso que não dividimos, tornar as nossas imperfeições deslumbrantes, trazer as nossas emoções pro lado de fora, deixar a nossa alma mais excitante, gozar com o coração, e lamber as nossas crias.
Dar aquele grito que não demos, usar aquele pijama que guardamos pra uma ocasião especial, viver aquela paixão que não vivemos, contar aqueles segredos que não contamos, cometer os erros que não cometemos, fazer juras eternas, prometer saudades, e até escrever cartas de amor.
Gargalhar como se fosse a última vez, tirar a poeira da vitrola e ouvir a nossa canção preferida no último volume, exibir a última dança, comer o melhor feijão com arroz do mundo, entender o linguajar da lua, salvar os nossos sonhos, rever as fotos que todos os dias saudam a nossa história, e como um presente da vida fazer aquela visita que não fizemos.
E sobretudo dizer o eu te amo que não dissemos.
Mas, não tem mais tempo.
Tempo é relativo, se estamos felizes dura pouco e se estamos triste parece nunca acabar.
Bem assim mesmo.
Parabéns Sílvia Ribeiro!
Escritora e Poetisa!
Você definiu com muita propriedade o tempo em nossa vida e no dia a dia.
Uma bela reflexão!
Obrigada querido!
Parabéns Silvia, excelente texto…
Obrigada!
Cada tempo no seu devido tempo; sempre fomos escravos do tempo, embora não saibamos em que tempo. O tempo se nos faz o tempo que o tempo quer. Amei sua busca do tempo
Obrigada!
Cada tempo no seu devido tempo; sempre fomos escravos do tempo, embora não saibamos em que tempo. O tempo se nos faz o tempo que o tempo quer. Amei sua busca do tempo
Gratidão!