Categories: Eduardo de Ávila

Avançar sempre, retroceder nunca mais!

Convidado e motivado pela amiga de décadas Mirtes Helena, estive na última sexta-feira num pequeno e seleto evento em torno da violência contra a mulher. Foi uma manhã muito rica, não só por conhecer melhor esse movimento e suas ações, como – talvez e principalmente – por perceber que ainda temos muito que avançar neste sentido. Como somos ainda muito sexistas!

Por mais que a gente pense que não, ao ouvir tantas experiências interessantes e bonitas, podemos perceber que o caminho ainda é longo. E, nós homens, por mais que neguemos, carregamos machismos enraizados e cristalizados da nossa formação. Me identifiquei, constrangido, em algumas considerações. Foi ótimo por me provocar, pois acho que a nossa evolução depende e precisa muito de ser cutucada.

Depois de assistir parte de um vídeo, muito bem produzido por outro antigo conhecido e amigo – Pedro Paulo Cava – (imperdível para quem realmente se interessa pelo tema), tivemos o privilégio de ouvir Beth Fleury, Mirian Chrystus (musa da tela global mineira dos anos 70/80) e a ex-ministra Eleonora Menicucci. Arrasaram!

Fleury, militante dessa e de muitas causas democráticas ao longo de meio século, falou sobre o trabalho e de pesquisas que estão em curso sobre o tema. Christus, outra incansável lutadora da revolucionários feminista, discorreu sobre a história do movimento, que teve início em 1975. Esse grupo de pesquisas – formado por abnegadas colaboradoras e que tem apoio e parceria da FIOCRUZ e do QuemAmaNãoMata – busca resgatar a memória de ações em defesa dos direitos da mulher.

Ao final, duas manifestações chamaram a atenção dos presentes. A reação de um grupo, cada vez mais crescente nas redes sociais, misógino e em contraponto às conquistas e avanços feministas. Por conseguinte, estimulando todo tipo de preconceito, seja religioso, racial, orientação sexual, social e até cultural e linguístico.

A história mais comovente, que emocionou a todos, veio de uma mulher que estava passando quase despercebida e que ao pedir a palavra foi cativando com sua fala e tomou conta do ambiente. Emília, não gravei o sobrenome, negra e de família humilde, contou que agora é advogada. Graças, segundo testemunhou, a ação eficaz da então ministra Especial de Políticas para as Mulheres, Eleonora, que entre suas conquistas aprovou a legislação das empregadas domésticas. Emília, pelo histórico familiar, hoje não seria advogada e sim trabalhadora em alguma residência familiar.

À propósito desse tema, Eleonora contou que quando a lei foi sancionada – pela presidente Dilma – foi abordada por duas madames no aeroporto em São Paulo que reclamavam. Diziam as duas senhoras: “como vamos fazer agora, estamos condenadas a arrumar a casa?” E ela respondeu: “se prepara que tem muito mais a vir por aí”.

Tomo a liberdade de sugerir que entrem no site e passeiem no seu conteúdo. Lá tem o histórico e links para se inteirar do movimento. Inclusive o vídeo do Pedro Paulo Cava, com cerca de uma hora de duração. Imperdíveis! Esse evento, como aquele que relatei aqui semana passada – Tributo a Elis –, vem nos resgatando e devolvendo a alegria de viver depois de sobreviver a duas pandemias. Sanitária e institucional/governamental.

*fotos: arquivo pessoal

Blogueiro

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  • Agradeço imensamente ao Eduardo o seu empenho em relatar nosso encontro e citar nosso website, um memorial da história de nossas lutas de mulheres mineiras.
    Abraço grande, Elizabeth Fleury

  • Parabéns por estarem sempre trazendo questões pertinentes e significativas sobre as questões femininas. E, além disso, a contextualização do assunto está perfeita. Muito obrigada

  • Muito bom vocês estarem sempre trazendo questões pertinentes e significativas sobre as questões femininas. E, além disso, a contextualização do assunto está perfeita. Muito obrigada

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