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Uma caixinha

Ele chegou, abraçou o meu corpo e eu me  larguei naquele abraço. E naquela urgência que refletia em meus olhos, sem nenhum abreviamento que pudesse conter os meus instintos, as nossas carícias iam se desenhando uma a uma, entre suores garoando em nossa alma e palavras de amor.
Os meus desejos eram nus e cabiam naquela imagem que deslizava na minha essência de um jeito sóbrio e com um sorriso disponível, como se o tempo não pudesse interferir entre nós dois. Aquela sensação não se tratava apenas de um tesão querendo satisfazer a carne, jogado numa cama qualquer sem mudar os batimentos cardíacos, era bem mais do que isso. Eu queria devorá-lo por dentro, e assim o fiz.
Naquele instante, os seus gemidos me envaideciam e eu era a mulher que qualquer homem gostaria de ter, mas apenas aquele gosto poderia me fazer feliz.
Aromas de prazer e o silêncio dos nossos lábios se despiam naquele cenário, que aos poucos ia nos confundindo e nos deixando cheios de malícias e aos poucos iam sendo vivenciadas uma a uma diante do espelho.
Aquele encontro era algo completamente fora dos padrões e das minhas intenções, porém eu não podia deixar de perceber o intuito das minhas curvas que ali estavam no aguardo daquele aconchego, e daquelas mãos que pareciam ter vida própria quando tocavam a minha pele. Era como se elas se multiplicassem e visitassem cada cantinho da minha essência e isso era uma desfaçatez deliciosa.
Percebi que a vida, por mais geniosa que possa parecer, muitas vezes se vale do seu poder de decisão e nos abre estradas completamente avessas à nossa imaginação, tal qual uma caixinha de surpresa que a gente abre e vibra com a sensação de ter sido levada pra dentro daquele universo que se descortina bem diante dos nossos corações.
Hoje, essa caixinha eu guardo junto às minhas relíquias e diários que contam as minhas melhores histórias.
Ah! Já ia me esquecendo de dizer: ela tem nome viu?
*
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