Seriedade

Taís Civitarese

“Não se pode ser sério aos dezessete anos”. Esta frase é de Arthur Rimbaud, poeta francês por quem me apaixonei aos… dezessete anos. A paixão por ele foi fruto de outra paixonite da qual fui acometida na época, denominada Leomania, a verdadeira “pandemia” de fama do ator Leonardo Di Caprio.

No fundo do meu armário, eu tinha um pôster enorme colado no qual Leo sorria para mim todos os dias. Tinha um livro com suas fotos e acompanhava todos os seus filmes. Freudianamente, anos mais tarde, viria a me casar com um Leo, a quem apelidei de “Lio”. Mas isso é assunto para uma outra história…

Voltando a Rimbaud, soube que Leo (o Di Caprio) iria interpretá-lo no cinema em um filme que narrava sua relação com o também poeta Paul Verlaine. Assisti e fiquei encantada com as citações e a intensidade da vida daquele escritor tão jovem e sensível. Corri para ler “Uma temporada no inferno” e me identifiquei profundamente com a narrativa de sofrimentos sobre crescer e saudades da pureza, como qualquer adolescente que se sinta desajustado em sua própria pele.

Assim, larguei o Leo (o Di Caprio) e foquei em Rimbaud, até chegar a seu livro “Poesia Completa”, que ganhei de aniversário de minhas amigas (entre elas, a Daniela Piroli).

Na obra, dentre tantas maravilhas, há o clássico poema “Romance”, iniciado pela famosa frase do início do texto. As palavras falaram diretamente comigo porque eu era muito, muito séria aos dezessete anos. Até hoje, ainda tento equilibrar essa seriedade. Outro dia, o Leo (o marido) me disse para não ser tão séria aos quarenta e um anos. Lembrei-me de mim mesma e concluí que os ciclos e os cenários vão apenas se renovando até que a gente enfim aprenda a seguir alegres nas aléias da estrada perfumada por tílias, como ensinou Arthur, o poeta.

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