A personificação do mal

Luciana Sampaio Moreira

Assistindo outro dia a um desses vídeos da internet, com um belo rottweiler que mostrava os dentes e rosnava para sua tutora durante uma brincadeira, o locutor que comentava a cena deixa claro que, a qualquer momento, o animal poderá sair do controle e fazer um estrago. Pois é! Nesse domingo, 23 de outubro, a uma semana do segundo turno das eleições presidenciais de 2022, uma besta fera decidiu partir para a ação. 

Com língua afiada e incontrolável para toda sorte de violência e reacionarismo, sem qualquer senso de limite, moral ou pudor que o valha, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), parceiro antigo do então candidato à reeleição que prefiro não nominar, recebeu a Polícia Federal a tiros de fuzil e com granadas em sua casa, na até então pacata cidade de Levy Gasparian, no Rio de Janeiro. 

Teve o cuidado de gravar e comentar cada cena, inclusive, e de postar tudo nas redes sociais. O seu ataque rendeu ferimentos em dois agentes federais e danificou uma viatura. Um cinegrafista que cobria a matéria também foi agredido pelos apoiadores que logo apareceram para fazer coro a tão grave situação de rompimento institucional. 

Entre a chegada dos agentes e a sua recondução, teve seus minutos de fama, recebeu visitas e até mereceu a atenção de agentes da Polícia Federal depois de ferir membros da corporação. Será que os presentes vão levar essa lição para suas vidas? Porque ao que parece, “pintar um clima” com meninas de 14 ou 15 anos já foi bem aceito e rende até votos.

Sem paixões, o que se viu ali é que, depois de tantos anos de rosnados, o reacionarismo personificado resolveu mostrar a que veio. Réu no Mensalão e recentemente condenado por ter feito ataques públicos violentos aos ministros da Suprema Corte portando armas, inclusive, até ontem desfrutava do estranho benefício da prisão domiciliar, situação que exige o cumprimento de diversas medidas que ele, munido de uma tal de liberdade, não hesitou em desrespeitar.

Daí a presença da PF na porta, para retorná-lo para o lugar de onde não deveria ter sido tirado visto que não tem condições para “ficar solto”. Na luta contra o fascismo que tenta fincar pés no Brasil a todo custo, cada peça que cai representa uma vitória, um ato de resistência contra o que há de mais atrasado e amoral. 

E não custa lembrar que o tal conceito de liberdade ampla e irrestrita para o que se queira fazer ou falar – que tem sido vendido no atacado – atende apenas a uma fatia restrita do mercado. Prova disso é que o ex-deputado que tem ficha corrida comprovada saiu inteiro da sua aventura. E se fosse um cidadão comum?

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Um comentário sobre “A personificação do mal

  1. Um cidadão comum para começar, não teria um min. da justiça deslocando-se á sua residência , provavelmente e com certeza tendo o seu transporte pago com o mesmo dinheiro público que faz bastante falta,por exemplo,na merenda escolar dos filhos do “cidadão comum”. Depois, numa hora dessas,e/ou no mesmo momento o cidadão comum já não estaria neste plano para contar história,se morasse na periferia então! Este é o país “igualitario” que o minto diz estar bombando. O próximo a ser fuzilado é o salário mínimo,a aposentadoria etc … os nossos direitos nem é bom lembrar,estes o vampirão abocanhou faz tempo.

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