Uma tal simpatia 

Silvia Ribeiro

Sempre bati de frente com uma velha conhecida minha, uma tal de “simpatia”.

Sabe aquelas pessoas que fazem o estilo chefes de excursão? Essa não sou eu.

Ser popular não é o meu forte. Até por uma questão de timidez que embora não seja tão circense exerce um certo domínio sobre mim, mas isso não é sinônimo de mal educada ou chata, que fique bem claro.

No que diz respeito à uma boa observadora aí não tem pra ninguém, preciso de alguns sinais que me inspirem confiança e quando isso acontece não sou de meia palavras nem de poucos gestos, e quando encontro sentimentos macios os meus olhos se manifestam e a minha alma e o meu coração se entendem.Tenho um sorriso convidativo e sou a criatura mais gostosa de lidar.

As vezes algumas pessoas até me contradizem e recebo entusiasmados elogios por passar essa imagem de simpática, então eu sorrio por dentro e penso: alguém está querendo ser simpático(a) comigo.

Porém, existem pessoas que são capazes de arrancar de dentro de mim emoções que até eu mesma duvido possuir, e confesso que gosto desse ineditismo me dando boas- vindas.

Um dia desses aconteceu algo bem interessante, me vi envolvida num querer diferente e ao mesmo tempo com cara de “eu já vi esse filme antes”, digamos que uma euforia completamente fora dos meus padrões e da minha maneira de desfilar o que eu sinto.

Uma sensação cheia de delícias, dessas que a gente diz: não me pergunte porque nem eu mesma saberia explicar. E achei de bom tom sentir aquele roteiro saindo do mundo dos sonhos e virando realidade na minha pele.

Simpatia à primeira vista? Não sei, talvez.

Uma amizade despretensiosa, um afago sem expectativas, um gostar por gostar, um tesão chegando pra ficar, ou quem sabe um amor encontrando o seu lugar, acho que tudo isso caberia bem ao caso.

Acredito que os melhores sentimentos acontecem quando não é necessário explicações, justificativas, ou coisa do gênero, aqueles que nos deixam a impressão de que o tempo não é tão dono de si quanto parece, e que alguns minutos as vezes podem ser longos demais quando deixam na boca boas lembranças.

Com o passar dos anos aprendi que é preciso apurar a visão e enxergar além das palavras, deixar de lado a robustez de ter que seduzir e abrir mão de algumas convicções deixando que o destino faça festa dentro dos nossos desejos, e era a minha hora de colocar isso em prática.

A vida é um exercício diário em que estamos sempre sendo colocados à prova com a petulância de notas azuis comprovando a nossa competência nas experiências do dia a dia, e isso costuma causar um desleixo nas nossas questões pessoais, portanto viver é a melhor resposta.

E que venham mais simpatias à primeira vista por aí cruzando os nossos caminhos. Ou quem sabe à primeira escrita?

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12 comentários sobre “Uma tal simpatia 

  1. A nossa escritora é simpática, talvez ela não saiba e é por isso que ela nos encanta. Acho que a minha história de como eu passei a segui-la, tem essa magia que a Sílvia nos contou, de um sentimento que brota e que nos transforma pra melhor. Desde que eu comecei acompanhar a sua página, o cuidado com a apresentação dos seus textos e com acolhida dos seus seguidores/admiradores, me convidou para entrar no seu universo. Hoje eu agradeço o convite e digo que está sendo muito bom! Obrigado Silvia!

  2. …concordo integralmente com vc.
    A gente não atraí o que pedimos, a gente atraí o que somos. Para além da primeira vista…tem o primeiro café.

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