Eu te amo, geração Z

Taís Civitarese

Muita gente fala que a geração Z é fraquinha. Que são mansos, preguiçosos, ultrassensíveis e mimizentos. Que não aguentam o tranco ou reagem a tudo com dramas, empunhando logo sua cartilha de direitos.

Dizem também que a era das pessoas nascidas entre 1990 e 2010, que hoje têm de 20 a 30 anos, produziu apenas bons vivants sem compromisso com o trabalho e que querem mais é pensar no hoje ignorar o amanhã.

Eu já digo que não troco meio gen Z por uma dúzia do pessoal “da minha época”. Quando o machismo imperava, a misoginia, o deboche. Quando empatia ainda era uma palavra quase desconhecida pela sociedade.

Quando as piadas eram ofensivas e a discriminação era normalizada, assim como tantos outros comportamentos absurdos.

Meus alunos me comprovam isso todos os dias. Eles gostam de ir embora cedo (e eu também). Mas durante o trabalho se ajudam e se apoiam. São responsáveis e receptivos. Respeitam com toda a naturalidade óbvia o colega gay e o bissexual. São amigos, são solidários, são gentis, são idealistas. Muito melhores do que nós.

O menino com quem fui trocar figurinhas no shopping também me mostrou isso. Eu tinha apenas 1 da qual ele precisava e ele tinha 5 das que queríamos. Ele disse: “Vamos trocar”. Eu disse: “Que pena, apenas uma”. Ele disse: “Claro que não, trocarei as 5, 4 repetidas por repetidas. Se a gente não se ajudar, como é que faz?”.

É por isso que tenho esperança. É por isso que as pessoas são boas. E por isso o reacionarismo não irá prevalecer.

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