Eduardo de Ávila
Qualquer um de nós, sem esforço de memória, identifica perfis de pessoas – familiares ou no círculo de relações – antagônicas quanto ao seu status quo. É comum aquele parente ou conhecido que têm grande poder econômico e leva vida simples ao lado das pessoas que lhe prezam e fazem bem. Em contrapartida, existem aqueles soberbos, que vivem “pendurados”, porém esnobam uma condição de vida fora de suas posses, possibilidades e padrões.
Tanto para uma situação quanto para a outra, o mais difícil é convencer o primeiro de seu poder e o segundo da sua total falta de condição. Faço esse devaneio para chegar ao que me sugere a prosa de hoje. Romeu Zema – não refiro à sua condição de empresário bem-sucedido –, reeleito por seus próprios méritos, distribui com seus aloprados parceiros do partido novo a escolha de todos os mineiros.
Esses alucinados, que se acham “iluminados” promoveram toda espécie de erros durante o processo pré- e – especialmente – eleitoral. Romeu confiou aos garotos do novo essa missão, que eles acreditam se vocacionados. Fizeram toda espécie de borrada, mesmo assim desde as primeiras pesquisas a sua condição de favorito se manteve inabalável. Graças, repito, ao seu perfil de gestor aprovado na iniciativa privada e agora vida pública. O fraco desempenho do novo nas eleições, por si solo, confirmam o que estou afirmando. Não vou, desta vez, enumerar feitos de seus quatro anos de governo.
Irei comentar tão e somente que esses ninfetinhos, isso, mesmo novilhos precoces, acreditam nas teorias que apenas defendem seus interesses pessoais. Um alto clero, dentro do novo – fora dele não passaria de mensageiro – tentou impor a candidatura de Aro ao cargo de vice-governador. Não conseguiu, enfiou o péssimo candidato ao Senado – goela abaixo na chapa do governador – até mesmo impondo a apoiadores espontâneos de Romeu o nome rejeitado do deputado federal e diretor da cbf.
Igualmente, o nome eleito para a vice-governadoria – esperta e sorrateiramente – foi minando toda e qualquer possibilidade de eventuais composições, para a candidatura cair no seu colo. Fez isso com vários nomes ventilados, até – dissimulando tentar viabilizar o nome do jornalista Eduardo Costa que seria eleitoralmente muito mais forte e interessante à chapa majoritária – jogou com o tempo e fatos para atingir seu nada confesso objetivo. Atiraram Eduardo Costa as serpentes. E o jornalista, ao que sei, é leal e confia no governador. Para essa gente, não imagino que tenha a mesma consideração.
Só para tentar me fazer entender, encaminharam Costa para uma filiação suicida no Cidadania, sabendo que com a federalização da legenda com o PSDB, seu nome não seria aprovado pelo dono dos tucanos em MG. O Aécio Neves. Outro que, apesar de reeleito – com desidratada votação – se mantém com imunidade parlamentar. Satisfeita sua gula e goela larga, tentou no início da campanha usar o governador para torná-lo conhecido entre os mineiros. Vice teria de somar e não ser apresentado pelo cabeça de chapa como aconteceu no início da campanha. Não somou, eleitoralmente, nada!
Não bastassem esses dois novilhos, ainda existem outros três, atuando em defesa de seus interesses pessoais e ainda no entorno do governador. Um, cujo currículo apresenta ser tão e somente genrocrata, isso mesmo, genro de quem tem assento ao lado do poder e interesses meramente pessoais. Ainda outra pessoa que viaja com o chefe e aproveita seus descuidos para ler mensagens no whatsapp. Além de repassar aos parceiros desse patrulhamento em torno do governador faz com que as mensagens não sejam recebidas, ao aparecer como já atualizadas na tela. E o último, um notável que tomou assento de poderoso e já colocou para fora pessoas que foram importantes no início da difícil gestão em busca do equilíbrio das contas do Estado.
Foi assim que um dos grandes arquitetos e negociadores dos primeiros tempos deixou o governo e retornou à iniciativa privada. Na hora de assentar à mesa das difíceis negociações que esses pirralhos jamais participavam, mas – na busca de visibilidade junto ao chefe – eram os primeiros – desculpe a chula expressão – a encher o saco. Não só esse que comandou a área de coordenação geral e planejamento, como outros seguiram por caminhos de volta à iniciativa privada. E até quem, chutado pelos meninos do novo, fez parte do staff da principal campanha adversária.
Tomara que a partir de agora, reeleito por seus méritos pessoais, Romeu saiba definir melhor as funções, atribuições e a quem confiar para uma melhor relação – por exemplo – com a Assembleia, onde sofreu inúmeras derrotas pela falta de humildade desses meninos fedendo a cueiro e fralda infantil. Igualmente no relacionamento com a imprensa, que no início do primeiro mandato teve um desinformado e inexperiente jornalista dando coice em profissional da área. Quem não se lembra do episódio de Brumadinho, quando um infeliz meteu a mão no crachá de uma jornalista, igual sargento truculento de tiro de guerra.
Quem vai ganhar com isso será o governador, por consequência os mineiros e Minas Gerais. Desde que, como disse no início dessa resenha, ele – Romeu Zema – entenda que foi ele quem ganhou as eleições e não essa tese acadêmica que atende por novo e suas pregações experimentadas, ultrapassadas e rejeitadas. O desempenho eleitoral para o parlamento, como disse, responde por essa afirmação. Que esse segundo mandato seja dele, governador, e não desses neófitos. Quanto aos rapazolas, gradativamente, entendendo – como diria um tio comum dele e meu, o saudoso Domingão – que em política é necessário “sargentear” antes de se achar apto para cargos que não estão ainda preparados. Senão, pregam moralidade, mas se recusam até mesmo a fazer exame numa batida policial no trânsito. Optam pelo uso da carteirada.
*
Eduardo de Ávila escreve toda terça-feira aqui no Mirante.
Perfeito sua avaliação. Que a molecada citada tome seu rumo e deixe o Romeu trabalhar. E que também seja um mineirinho esperto neste segundo turno da eleição presidencial, não colocando a mão em cumbuca.
Parece que ele não leu o seu comentário e a cumbuca revelou-se pequena… a ver!
Bom dia.
Torço pro governador.
Mas não aprendeu nada com domingão, Ovídio, Alckmin, e outros.
Na tv falou que a meta é perseguir o PT.
E que a condição pra apoiar bolsonaro é que os 9 deputados do PL fiquem alinhados com o governo estadual.
Não precisava ser tão claro ( e inocente) assim.
Abraço
Concordo com você.
Excelente texto e análise.
Tenho críticas ao Romeu, mas realmente o mérito da reeleição é dele e não dos garotos.
Interessante, como você, muitos outros mineiros pensam como vc. Muitos, da minha roda de amigos. Qto ao governador reeleito, faço uma ressalva, não apenas a moçada de camisa colorida, ostenta poderio do cargo, também assim o faz Governador Romeu Zema diante da imprensa.
Interessante, muitos outros mineiros pensam como vc. Algunas, da minha roda de amigos. Qto ao governador reeleito, faço uma ressalva, não apenas a moçada de camisa colorida, ostenta poderio do cargo, também assim o faz Governador Romeu Zema diante da imprensa.
Excelente análise.
Me lembrei de uma prosa nossa, lá no começo do governo dele, que você falou sobre o assessor e assessoria de imprensa.
Palavras adequadas e leves para o entorno do Zema.
Agora entendi pq o Zema tem problema com a ALEMG, é muito, mas muito mal assessorado. Procurador querendo visibilidade, agora conseguiu, por viro Vice-Governador, ta aí o motivo de ter posto tanta gente na fogueira.
Creio que ele se deixou levar pelo canto da sereia (O Poder/a mosca azul), não deve nem saber o preço do litro de leite.
Faltando por os pés no chão.
A sorte dele para esta eleição, foi ter um adversário que o interior não conhece, senão meu caro,,,,iria ser uma vergonha total.