Uma faxineira lavava a calçada, diante de um prédio de classe média alta numa região nobre de Belo Horizonte, quando um morador do bairro, que passeava pela mesma calçada com o seu cão, decide agredir essa senhora, tomando a mangueira de sua mão, jogando água nessa trabalhadora e, não contente, empurrando a mulher para que caísse no chão. Todos os dias coisas assim têm acontecido a alguém. E, se a gente se dispõe a desbravar aquela sucursal do umbral chamada “comentários de sites de notícias”, descobre que elas acontecem porque há muita, mas muita gente mesmo, que endossa esse tipo de coisa.
Nos comentários sobre o caso do homem que agrediu a faxineira, li coisas como “ela devia ter recolhido a mangueira para ele passar” e “a culpa foi dela, que deixou ele se molhar”. Sim, eu juro que li isso. E me lembrei, inclusive, de uma história contada pela minha mãe sobre a minha bisavó, que um dia jogou pela janela a água do banho do bebê e deixou completamente ensopado um homem de terno, que vinha passando na rua. Diz a minha mãe que, muito envergonhada, minha bisavó convidou para entrar aquele homem, que já ia para um casamento, serviu-lhe café, biscoitos e uma roupa seca. E que depois disso tornaram-se amigos.
Mas a faxineira que foi agredida não jogou água naquele homem. Ela estava lavando a calçada e talvez – apenas talvez – alguns pingos da água que saía da mangueira possam ter molhado os tênis daquele homem. E eu me pergunto em que curva nos perdemos de nós mesmos e permitimos que o ódio, e somente ele, assumisse o nosso centro de comando?
A gente não está falando dos chamados “bandidos”, que arquitetam assaltos ou assassinatos. Somos nós, estes seres pacatos, “cidadãos de bem”, que agora saímos às ruas armados de ódio e, muitas vezes, de armas mesmo. Me pergunto o que fizemos de nós mesmos e para onde caminhamos nessa toada. Mas me pergunto, sobretudo, em que atalho podemos entrar para tomar um caminho diferente. Porque há um caminho diferente. A gente sabe que há.
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O ser humano está perdido em meio a tanto caos. Nada justifica a ação e estupidez neste jovem. A mulher trabalhadora, ali no cumprindo com seus afazeres e de repende aparece um cara que no karma instantâneo a maltrata. Espero que ele tenha se arrependido e que peça desculpas públicas a está mulher trabalhadora.