Eduardo de Ávila
Nem é Natal, tampouco Ano Novo, estamos atravessando o período eleitoral. Aparentemente calmo e atípico de tempos vividos, mas um turbilhão para quem está próximo aos confrontos, notadamente os majoritários (presidente, governador e até senador), onde tem até lado que estimula uma guerra santa. Nunca vi o nome de Deus, tanto dito por gente que usa a religião em proveito próprio, ser tão explorado – e assim a reboque seus fiéis – como neste Brasil boçalnarista.
Referi ao período do Papai Noel e virada no início, pois nesses momentos – geralmente – muito se fala em paz, prosperidade, mudança, perdão e por ai vai. Nada melhor que aproveitar esse período eleitoral, uma vez que nas datas acima, essa renovação de fé e propósitos, sempre foi uma dissimulação tremenda. Costumeiramente é dito que o momento é de reflexão, de recomeço, até que já nos primeiros dias do ano, tudo volta à normalidade.
Mesmo aquelas reuniões de família – ceias, banquetes e o tradicional “amigo-oculto” (muitos casos de grandes e nada ocultas divergências), cada ano menos frequentes –, estão esvaziadas nos últimos tempos. Sei de casos, motivados pela divergência político/ideológica que colocaram e decretaram o fim nessa tradicional festa nos finais de ano. Pois bem, de volta ao tema, estamos já a menos de 40 dias das eleições.
O cardápio de opções das candidaturas oferece de todos os temperos. Desde o gosto azedo e amargo, passando por sem sabor, até chegar numa sedutora doçura. A maioria defende a democracia, sendo que parte entre eles sempre flertou com regimes fortes, e tem até mesmo – entre as opções ao eleitor – existe quem defenda a ditadura. Embora, para chegar ao poder dependa das eleições livres, diretas e democráticas. Com urna eletrônica, combatida por meia dúzia de candidatos, capitaneados por um dos que disputam a Presidência da República.
Se tivéssemos, como no passado, verdadeiros estadistas na disputa, seria saudável o debate. Gente que vitorioso ou derrotado, sabia sair do pleito eleitoral com a cabeça erguida, seguramente o país avançaria rumo ao bom entendimento e – consequentemente – às grandes conquistas sociais e crescimento econômico. Não é o que vivemos nos tempos recentes. Perdas de direitos, em desfavor da maioria da população trabalhadora; desemprego; poder aquisitivo cada vez menor, notadamente das classes baixa e média (essa segunda a mais sacrificada e que sofre com a petulância, resistindo à realidade); resultado de uma economia equivocada do eventual governo federal.
Nem pretendo e não vou entrar em questões relacionadas ao equívoco de muitos cidadãos, gente que anda ao nosso lado, que sente orgulho de uma riqueza e poder que jamais foi ou será contemplado. Se sente bem com essa dissimulação para o ambiente externo. Enfim, para fechar essa prosa de hoje, só desejo a mim e aos que tenho respeito e consideração, que saibamos respeitar o resultado das urnas. Todos nós já ganhamos e perdemos eleições, sendo ou não candidatos – mesmo na condição de eleitor devotado e compromissado – e aprendemos que na democracia se respeita a decisão da maioria.
No meu caso pessoal, jamais fui omisso nas minhas escolhas, merecendo o respeito das pessoas que me conhecem e convivem ao meu entorno. Vez por outra, acontece, de ser questionado e até provocado por minhas opções. Por gente que sequer tenho interesse no seu pensar, e me ocorre dos dois lados extremos dessa guerra pelo poder. Isso pois, tenho – e no caso das eleições próximas – candidatos progressistas, conservadores e até quem navegue num campo neutro de maneira conciliatória entre aqueles que se opõem nessa disputa.
Seguirei, como já o faço tem décadas, com minhas escolhas e crenças pessoais. Entre meus cinco votos, o cardápio me sugere opções com igual número de dezenas para a urna. Tem 10, tem 13, tem 30, tem 43 e tem até 55. A ordem de votação é outra, pois primeiro se vota no deputado federal (quatro dígitos), depois no deputado estadual (cinco dígitos), seguem no o senador (três dígitos), avançando para governador e fecha com o presidente (ambos com dois dígitos). Sempre votei cedinho, meu título era da minha cidade natal – Araxá – e pegava a estrada de volta, mas desta vez sou eleitor em Belo Horizonte e vou votar uma e meia da tarde. Decifra-me!
Bom voto a todos. Boas escolhas para nosso estado e país. Que os eleitos, democraticamente e pela urna eletrônica, tenham sucesso nas suas gestões. Afinal, o resultado de um bom governo é e deve ser compartilhado com todos os cidadãos. Eu respeito a decisão. Se não gostar me restará o caminho da oposição construtiva e a espera pela próxima eleição. Como sempre foi.