Nem na idade média, ou até mesmo antes dela, ao que me lembro dos livros de história, identifico tanta barbárie como estamos vivendo no Brasil contemporâneo. Fruto da intolerância e despreparo para viver numa democracia e respeitar os divergentes. Se aplica em todos os níveis. Na família, vizinhança, ambiente de trabalho e segue para questões mais delicadas de interesse econômico e social.
Vou primeiro falar de algo que conheço bastante. A paixão por futebol. Sou, sem dissimulação, Atleticano e defendo meu time com toda força, inclusive assinando aqui mesmo no UAI o blog Canto do Galo. Acompanho o meu time tem mais de meio século, já tendo vivido incontáveis alegrias e também frustrações. Algumas desse segundo grupo, por nossa incompetência e por sacanagem e armação da organização – cbf/tv – em defesa de seus interesses comerciais.
Estava no Maracanã quando fomos prejudicados pelos árbitros Aragão e seu auxiliar Rosa Martins, perdendo o título nacional. Tomamos foguete direcionados à torcida do Galo, por flamenguistas, sob o olhar complacente da polícia carioca. Ali nascia a maior rivalidade do futebol brasileiro, aquecida no ano seguinte, com um apito tendencioso do Wright pela Libertadores. E assim seguiu, com vitórias dos dois lados, ao longo desses mais de 40 anos.
Amanhã, no Rio de Janeiro – o mesmo palco dos anos 80 – volta o Galo a enfrentar o rival valendo vaga para a sequência da Copa do Brasil. Ao que estamos assistindo, incendiados pela direção do clube carioca, a torcida rubro negra promete guerra no estádio e fora dele. Eu, ao que posso, estou desaconselhando Atleticanos a irem ao palco proposto pelos dirigentes cariocas.
Tem um deles, que detém até mandato eletivo, que sua ação é e sempre foi a de colocar pilha na rivalidade. Queria, recentemente, que numa partida em BH, o governo mineiro disponibilizasse batedor para acompanhar o ônibus do time. Parece que esse mocinho vive num mundo paralelo. Aqui não tem milícia e todos os nossos ex-governadores gozam de liberdade de ir e vir. Lá que isso não acontece, vide os últimos eleitos para o cargo no Rio de Janeiro.
Noutra vertente, no final de semana, um maluco – tal qual esse dirigente flamenguista e em sentido amplo – invade uma festa de aniversário de um colega de trabalho e mata o aniversariante. A motivação do crime foi a intolerância. O assassino defende o atual pR e o assassinado era militante de oposição ao atual governo. As duas situações, no futebol e na política, tem uma única intenção. Amedrontar quem pensa diferente. Isso tem o nome de intolerância. Tempos estranhos e sombrios.
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Exelente texto!