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Tempos estranhos e sombrios

Eduardo de Ávila

Nem na idade média, ou até mesmo antes dela, ao que me lembro dos livros de história, identifico tanta barbárie como estamos vivendo no Brasil contemporâneo. Fruto da intolerância e despreparo para viver numa democracia e respeitar os divergentes. Se aplica em todos os níveis. Na família, vizinhança, ambiente de trabalho e segue para questões mais delicadas de interesse econômico e social.

Vou primeiro falar de algo que conheço bastante. A paixão por futebol. Sou, sem dissimulação, Atleticano e defendo meu time com toda força, inclusive assinando aqui mesmo no UAI o blog Canto do Galo. Acompanho o meu time tem mais de meio século, já tendo vivido incontáveis alegrias e também frustrações. Algumas desse segundo grupo, por nossa incompetência e por sacanagem e armação da organização – cbf/tv – em defesa de seus interesses comerciais.

Estava no Maracanã quando fomos prejudicados pelos árbitros Aragão e seu auxiliar Rosa Martins, perdendo o título nacional. Tomamos foguete direcionados à torcida do Galo, por flamenguistas, sob o olhar complacente da polícia carioca. Ali nascia a maior rivalidade do futebol brasileiro, aquecida no ano seguinte, com um apito tendencioso do Wright pela Libertadores. E assim seguiu, com vitórias dos dois lados, ao longo desses mais de 40 anos.

Amanhã, no Rio de Janeiro – o mesmo palco dos anos 80 – volta o Galo a enfrentar o rival valendo vaga para a sequência da Copa do Brasil. Ao que estamos assistindo, incendiados pela direção do clube carioca, a torcida rubro negra promete guerra no estádio e fora dele. Eu, ao que posso, estou desaconselhando Atleticanos a irem ao palco proposto pelos dirigentes cariocas.

Tem um deles, que detém até mandato eletivo, que sua ação é e sempre foi a de colocar pilha na rivalidade. Queria, recentemente, que numa partida em BH, o governo mineiro disponibilizasse batedor para acompanhar o ônibus do time. Parece que esse mocinho vive num mundo paralelo. Aqui não tem milícia e todos os nossos ex-governadores gozam de liberdade de ir e vir. Lá que isso não acontece, vide os últimos eleitos para o cargo no Rio de Janeiro.

Noutra vertente, no final de semana, um maluco – tal qual esse dirigente flamenguista e em sentido amplo – invade uma festa de aniversário de um colega de trabalho e mata o aniversariante. A motivação do crime foi a intolerância. O assassino defende o atual pR e o assassinado era militante de oposição ao atual governo. As duas situações, no futebol e na política, tem uma única intenção. Amedrontar quem pensa diferente. Isso tem o nome de intolerância. Tempos estranhos e sombrios.

Vida que segue! Segue?

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