Sempre vi muitas teimosias, e várias certezas diante do espelho.

Me lembro da minha mãe dizendo:

Eita menina teimosa!

Observo de longe as minhas teimosias, e fico esperando o momento derradeiro pra que elas entrem em transe, e tenham um olhar próprio sem me usar como bengala. Há quem diga que ser assim é bom.

Não que eu me ache mais sabida do que elas ou um modelo de perfeição. Mas as vezes eu queria que elas fossem menos rabugentas, e tivessem uma certa graça quando fossem se expressar.

Elas correm dentro de mim como se tivessem vida própria, e isso as vezes agrava a nossa convivência. Criatura mais nariz em pé não há.

Sobre uma multidão de insignificantes deduções transeuntes, que nascem e morrem com a mesma elegância, vivem as minhas teimosias, sem sequer reconhecer que muitas vezes morderam a língua.

Lembram daquela famosa frase dessa água eu não bebo?

Pois bem! É aí que entram as minhas certezas.

É nessa água que por vezes, não se dando por satisfeitas, que as minhas tais certezas se embebedam sem hesitar. E no dia seguinte lá estão elas cultivando uma ressaca descomunal, vivendo o lado inverso da consciência, e com um gosto insosso de cabo de guarda-chuva na boca. Mas sem descer do salto, claro.

E do outro lado as minhas teimosias vendo tudo, como se estivessem num salão de dança, pisando nos meus pés com um olhar leviano, e se favorecendo da minha boa educação, que amordaça a minha narrativa de um dicionário de desaforos.

Dois seres ávidos por respostas, e que no entanto não sabem o que fazer com elas, encontrando percalços pra provar quem é mais importante. Sol e Lua fazendo movimentos em seus universos pessoais.

E nem sequer desconfiam do poder que se esconde, dentro desses labirintos de “intuições”, que tanto se falam por aí.

Talvez um duelo resolvesse essa pendenga.