Houve um tempo em que eu me pendurava no galho de uma goiabeira, impunemente, e ficava observando a vida passar, lá de cima. Sem culpa. Sem angústia. Sem ansiedade. Já faz tanto tempo, que só consigo acreditar que era mesmo assim quando vejo a foto e ela me teletransporta para aquele quintal, onde a vida parecia passar vagarosamente e eu ainda não tinha cismado que precisava ser diferente. Era uma época bem anterior aos prazos apertados, aos quadros de metas, ao deadline dos jornais e à urgência de uma vida em que time is money. Todas as vezes que meu coração disparou e eu senti aquela suadeira bem típica das crises de pânico, de algum modo eu tentei voltar àquele quintal. Mas era tanta urgência em ser infeliz que a memória da goiabeira logo se dissolvia na fumaça da metrópole, que parecia ávida por me engolir.
“Ansiedade é quanto faltam cinco minutos, sempre, para o que quer que seja.”
A definição de Adriana Falcão, no livro Mania de Explicação – que aliás é uma pérola que toda gente devia ter na estante – para mim é perfeita. Bastou a gente crescer e pronto: cinco minutos vira o prazo máximo para tudo o que você precisa fazer, resolver, ou planejar. E vira também o máximo de tempo que você consegue ter para subir numa goiabeira no fundo do quintal. Mentira. A gente nunca mais teve cinco minutos para subir numa goiabeira, né? Nem quintal a gente tem…
A tal de ansiedade, que mantém a gente tão ligado no futuro e tão desconectado do que está acontecendo agora mesmo, ganhou ares de epidemia. Olhe ao redor: quantas pessoas do seu convívio relatam essa mesma angústia com tudo o que ainda não aconteceu (e talvez nem aconteça)?
A gente passa todo o tempo em que está acordado pensando, fazendo ou controlando alguma coisa. E mesmo se você tiver 5 ou 10 anos de idade, é provável que alguém lhe diga que passar a tarde inteira pendurado no galho de uma goiabeira, a olhar o movimento lento e silencioso de um terreiro, é uma tremenda perda de tempo. Melhor fazer aula de balé… ou de robótica.
Talvez seja por pura nostalgia daquela goiabeira no terreiro. Talvez seja porque eu nunca me acostumei à ideia de que a gente é obrigado a conviver com essa batedeira no meio do peito, quase sempre acionada por alarmes, despertadores, telefonemas urgentes ou bolinhas vermelhas nos quadros de meta. Seja lá qual for o motivo, minha caminhada nos últimos anos têm sido na contramão da velocidade. Quero minha respiração mais longa, meus almoços com mais mastigação e menos comida engolida às pressas e meu coração mais tranquilo. Minha meta é observar o quintal, do alto da goiabeira, sem culpa nenhuma por desfrutar da vida impunemente.
Se você também convive com a ansiedade e acredita que a vida pode ser melhor sem os seus incômodos, eu tenho um convite para lhe fazer: estou com inscrições abertas para um grupo que inicia na próxima segunda-feira uma jornada de 10 dias chamada Lidando com a Ansiedade. As vagas são limitadas, mas ainda dá tempo de se inscrever. Se tiver interesse, me mande uma mensagem no whatsapp: +55.31.98395.5144. Será um prazer ter você comigo.
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