A pior doença

Tais Civitarese

Como bem disse o amigo Eduardo em seu último texto desta terça-feira, a solidariedade tem sido nossa esperança. O ponto de apoio no cotidiano caótico que se estabeleceu recentemente, entre chuvas intermináveis e variantes virais supercontagiosas, tem sido ajudar quem precisa.

A internet e a tevê causam desgosto por só trazerem notícias tristes. Ser solidário é produzir nossas próprias notícias boas.

Desde criança, tenho certo pudor em dizer que gosto da chuva ou do barulho de chuva porque, invariavelmente, é um fenômeno que provoca prejuízos a muitas pessoas. Todo janeiro é igual. Como já contei aqui, minha tia uma vez foi uma dessas vítimas que tudo perdeu numa enchente. Impossível esquecer. Impossível não sentir certa ligação com cada uma das pessoas que aparecem nas notícias.

Precisamos urgentemente de notícias boas. Seria a chapa Lu-Chu uma solução? Não se sabe…

As eleições serão só em outubro, não podemos esperar tanto tempo. Vejo pessoas fazendo campanhas de arrecadação e ajuda e tento participar delas porque isto sim é o mínimo que se pode fazer. O mínimo. Ao mesmo tempo, vejo outras minimamente gripadas pensando que irão morrer e fazendo alarde de seus sintomas e sinto uma preguiça profunda de seu estado autocentrado e egoísta. Para quê tanto querem viver, chego ao extremo de pensar? Que bem verdadeiramente fazem com suas vidas? Às vezes, é mais fácil amar a humanidade inteira do que seu vizinho, sinto-me exatamente como Eric Hoffer.

Se cada fato da vida nos transporta também para dentro de nós mesmos, não deixo de me fazer muitas perguntas e tirar algumas terríveis conclusões de tudo isso.

Nas situações extremas, vê-se quem é quem. Quem só quer saber dos próprios espirros e quem arregaça as mangas e enfrenta a chuva porque o outro não tem sequer um lugar seco para se deitar.

O extremo revela muito, isso é fato.

Falando novamente em vizinhos, alguns deles, muito gentis, fizeram um mutirão para juntar água, produtos de limpeza e objetos para as vítimas das enchentes em Minas. Deixo aqui os contatos para contribuições. Enquanto isso, dada minha condição de médica, oriento responsavelmente quem me procura sobre os sintomas gripais, sem no entanto me furtar à devida dimensão dos fatos. Sobretudo, se tratam-se de vacinados, com poucas chances de evoluir para a gravidade. Incluo-me, inclusive, entre eles. A doença social me preocupa infinitamente mais nesse momento. Ela deixa sequelas, ela não tem cura, não tem vacina. Tem

somente esperança e seu paliativo é a solidariedade.

Doações em Nova Lima:

Água, Produtos de Limpeza, roupas e calçados, produtos de higiene pessoal

Local: Escola Municipal Emília de Lima

Pix do Martin Rassbach, vizinho que tem ajudado moradores de Nova Lima e Raposos:

01710327642

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