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Amar em tempos de ódio

Eduardo de Ávila

Desde nossa infância, no meu caso já se passam mais de seis décadas, ouvimos que o Natal e Ano Novo são momentos de renovação. Além dessa reta final de dezembro e ano que se finda, também o aniversário sugere um recomeçar. São tempos de reflexão e de doação, onde fazemos votos de uma nova fase cheia de alegria e amor.

Já faz algum tempo, felizmente, que deixei de carregar um sentimento de culpa permanente. Coisas de ensinamentos equivocados daquela infância já distante, sobre a palavra de Deus e seus ensinamentos. Cansei de me confessar, não convencido de que possa ter cometido algum pecado, mas induzido a entender que muito do que imaginávamos era errado.

Levei um bom tempo, depois disso me libertei e passei a viver com mais intensidade. A vida, então, passou a me presentear sistematicamente. Novas amizades, saber ser útil e ajudar pessoas – desinteressadamente -, aprender e repassar ensinamentos, viver e suportar dores e problemas, tudo isso como num processo de evolução em nossa passagem terrena.

A partir de 2012, como já relatei aqui, me ocupo em dezembro por levar interpretar em creches, asilos e escolas de inclusão, o papel de Papai Noel. Todas elas instituições que atendem pessoas em condições de vulnerabilidade. Uma ou outra ação neste sentido e fora dessa intenção, igualmente foram feitas sem qualquer tipo ou espécie de troca ou contrapartida.

Teve temporadas que visitei quase três dezenas delas, ano passado – pela pandemia – passei de liso. Agora, neste 2021, ano prodigioso a mim e a muitos que gosto, tive a oportunidade de visitar apenas cinco estabelecimentos. Dois na semana anterior, que contei aqui neste espaço e três de sexta a domingo últimos.

Duas creches, cada qual delas com cerca de 100 crianças. No bairro União, Creche Menino Deus, comandada pela Filó e equipe, pude encantar e receber o mesmo de volta por abraços, beijos e o olhar vidrado das crianças uma boa energia que vai me acompanhar por 2022. Já na Terra Nova, que fica no Acaba Mundo, que foi minha primeira experiência dez anos passados, reviver e renovar esse mesmo sentimento.

Para fechar, de volta num estabelecimento de acolhimento a idosos, na região central de Belo Horizonte. A Casa Santa Zita que oferece moradia, assistência médica, espiritual, social e humana, surpreendeu ao bom velhinho. Ao final, depois de orações e entrega de presentes, as idosas – na faixa de 980/90 anos – discursaram, declamaram e cantaram. Que presentaço para uma manhã de domingo!

Em meio a tanto sentimento de ódio que assistimos diariamente pela tv, até mesmo em determinadas relações pessoais, ter o privilégio de viver essa experiência tão pertinho, renova e faz reagir a esperança adormecida em nossos corações. Sigamos!

*fotos: arquivo pessoal

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