Sandra Belchiolina de Castro
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Saudade é uma palavra que existe somente em português e outras línguas encontram dificuldades de traduzi-la e dar um preciso significado. Aqui no Brasil a compreendemos como o “desejo de um bem do qual se está privado, ‘lembrança nostálgica e, ao mesmo tempo, suave, de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las.”¹
Essa palavra/sentimento é uma das causas para as celebrações no dia dos finados e sua perpetuação. A memória dos falecidos é revivida e assim as lembranças também. Mas, contudo, a morte é desde sempre um tabu para o ser humano. Ele cria muitas formas de apaziguar o fato de sua finitude. Desde os rituais primitivos, transformados em religiosos, com lembranças adequadas aos seus calendários, esse momento faz parte de nossa sociedade. Essa data para a religião católica é de 02 de novembro, um dia após a comemoração do dia de Todos os Santos. No México, o Dia dos Mortos é uma celebração de origem também indígena comemorada no mesmo dia. Lá, nesse momento as almas tem autorização para visitar seus parentes. Uma festividade que inclui até comidas e bebidas para honra-los e recebê-los.
A morte na tradição católica é uma passagem para o inferno, purgatório ou o paraíso, destino para onde o falecido vai em conformidade ao tipo de vida que levou na terra.
Para o espírita a pessoa retorna a vida para limpar seu carma até tornar-se luz.
Na tradição budista a pessoa tem nove consciências e quando morre, sete delas se vão e duas se tornam uma no renascimento em vida. As sete consciências que se vão são: cinco relacionadas aos órgãos dos sentidos – paladar, olfato, visão, audição e tato. A sexta consciência é a percepção que se dá com a união das cinco primeiras; a sétima é a consciência do “eu” do sujeito, eu sou… A oitava está relacionada à suas ações realizadas no mundo, o estado de vida em que existiu, o chamado carma. A nona consciência é a transcendental, chamada de Amala.
Para os ateus a morte é somente o fim de uma vida que se encerra ali.
De todas as explicações que se dão para a morte e o destino da pessoa após, o fato é que a saudade e a memória de entes queridos ficam e eles passam a habitar em nós.
Na semana passada, fui surpreendida com a pergunta de minha irmã referindo-se à ausência de nossa mãe: “será que a atrapalhamos com essa saudade doida?” E, a única resposta que consegui formular é que nossos mortos devem seguir em paz e isso está em todas as orientações religiosas. E, para os ateus, a ordem é que fiquem em paz com suas boas memórias e a saudade doida faça dessa falta uma memória afetiva de boas lembranças. Ou seja, uma boa saudade!
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Referência
¹https://agazetadoacre.com/2014/05/artigos/luisa-lessa/o-mito-da-palavra-saudade/
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