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Pandemia, gestão pública e eleições

Eduardo de Ávila

Nesses tempos difíceis que estamos atravessando e tendo de conviver com essa crise sanitária sem fim aliada à campanha eleitoral que já bate à nossa porta, vivemos aquela máxima de “se correr o bicho pega e se ficar o bicho come”. Depois de um ano e meio alternando isolamento o social com arriscadas saídas, agora a ameaça da variante Delta sugere um retrocesso que – ao que sinto – não estamos preparados para enfrentarmos.

Os estudiosos, cientistas e médicos qualificados da área, demonstram apavoramento com essa nova investida da doença desconhecida. A prudência recomenda que se tranque novamente em casa, mas – convenhamos – qual entre nós ainda tem reservas de energia e tolerância para uma nova quarentena? Eu confesso que não tenho, embora seja até bastante disciplinado. Me tiraram todos os prazeres da vida nos últimos tempos e ainda sugerem uma prorrogação desse sacrifício.

Paralelo a isso, assistindo e – na medida do possível – participando com minha insignificante opinião e posição aos rumos da política, confesso que o desânimo ganha força no meu íntimo. São manifestações e atos populares, outros articulados em gabinetes, ameaças à democracia, acordos e composições que levam em consideração tão e exclusivamente contas de resultados eleitorais, sempre em detrimento do real interesse da população.

No plano nacional, a falta de civilidade do eventual pR – que conduz cerca de 15% dos brasileiros – muitos que pareciam ser pessoas equilibradas – a defender ideias absurdas e retrogradas que não agradam nem mesmo ao conservadorismo. São pessoas preconceituosas, que encontraram nesse tosco ocupante do cargo de presidente, o amplificador de seus conceitos e falta de civilidade e uma total imoralidade pública.

Imaginem se um dos filhos do ex-presidente Lula tivesse comprado aquela mansão de milhões de reais no Lago ou alugado àquela outra que o herdeiro de um dos muitos casamentos do pR está morando com a mamãe. Essa gente, que demonstrou indignação e foi às ruas – tomando whisky e espumante – para derrubar a Dilma e pedir a prisão do Lula, sem qualquer conhecimento dos fatos, não vai reagir? Entendo, protesto seletivo.

Se o tríplex e o sítio, comprovadamente, forem do ex-presidente defendo a investigação e mesmo punição. Porém, ao que pude acompanhar, foi uma confessa peça de ficção – com “convicção” assumida pelo procurador daquele processo judicial. Pior, ao que se sabe, orientado pelo então juiz federal que buscava visibilidade. Pois que, esses mesmos atores e as mesmas pessoas dos protestos democráticos daquela ocasião, agora defendem o golpe de Estado.

Ameaçam, tentam amedrontar quem pensa diferente, antes com argumentos imbecis e agora com uso de força, arma e ação desmedida. Do outro lado, Lula e petistas – convenientemente – deixam esse cordão frenético passar. É simples. Se o atual pR for punido, por exemplo, com o impeachment ou mesmo nem disputar a reeleição, o discurso do candidato e do seu partido fica enfraquecido. O melhor, para os dois lados, é a polarização.

Dos aliados do presidente, pregando o ódio, defendendo a ditadura (e ainda reclamando de uma ou outra eventual atitude que julgam antidemocráticas), até “vala” para os críticos do seu líder. E na outra ponta, esperando o confronto e o debate entre os dois lados, mostrando o quanto o Brasil empacou na atual gestão contra os irrefutáveis avanços na gestão petista.

Desde tirar milhões de pessoas da zona de pobreza, geração de empregos, atingir o patamar de sexta economia mundial, entre tantos outros. Preferia, já disse, uma terceira via que fosse capaz de aglutinar – ser o condutor, como bem disse um grande amigo dos tempos de bancos acadêmicos – e evitar esse conflito que ameaça a paz nas ruas das nossas cidades. Entre um lado e outro, fico com a modernidade e contra o atraso. Boçalnarismo é irrefutável atraso, em todos os campos.

Em meio a isso, aqui em Minas Gerais, diferente da situação nacional, acompanho um governo que busca o equilíbrio das contas públicas. A economia mineira foi dilacerada desde o primeiro governo tucano e agravada na gestão petista. O primeiro lançou o engodo do “choque de gestão” e o outro agravou ainda mais as finanças do governo. Salários atrasados e parcelados, calote no repasse das verbas dos municípios, número inexplicável de cargos comissionados.

Enfim, silenciosa e mineiramente, o atual governador de Minas Gerais vem colocando a casa em ordem. O repasse atrasado, herdado da gestão anterior, e o atual sendo honrados. Funcionalismo recebendo no quinto dia útil. Décimo terceiro, conforme anunciado ontem, quitado dentro do ano fiscal. Nem por isso tem sossego. Com chances reais de ser reconduzido ao cargo, já no primeiro turno, tem problemas causados – como tucanos e petistas – pela companheirada. Perdeu boas pessoas da sua equipe pela ação nefasta dessa gente. O cancro da gestão mineira está no partido do governador.

Formado por um bando de novilhos precoces, exercem uma nociva influência junto ao gabinete. O caso da Cemig, conforme vastamente veiculado no noticiário, expõe a ação de “ministros sem pasta” dentro da gestão. São patrulhadores das ações até pessoais do governador, um deles – da área de comunicação e que é da confiança do grupinho de ninfetos – redigindo infeliz nota em ataque a instituições que nos merecem respeito.

Expoentes do empresariado selvagem mineiro, igualmente não ocupando cargo, mas têm interesses de suas áreas de atuação e não de governabilidade e muito menos de ações de interesse social. Um deles, recentemente, conseguiu até – por seu tráfico de influência – intervenção urbana para atender interesse de sua empresa. Já o outro, alimenta tem anos sua intenção em implantar isenção de impostos a empresas com mais de determinado tempo de funcionamento. No ramo dele, a sua é a única que se enquadraria e abriria as portas para uma nova modalidade de dumping fiscal com a concorrência.

Portanto, “se correr o bicho pega e se ficar o bicho come”. O bicho da COVID e dos interesses pessoais e de grupos.

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